terça-feira, 31 de julho de 2012

2012.07.31 - Beijo


 Rosa, leu

CAIXINHA DE BEIJOS
Certo dia um homem chegou a casa e ficou muito irritado com a sua filha de três anos.Ela havia apanhado um rolo de papel de presente dourado e  estragou-o fazendo um embrulho.

Porque o dinheiro fosse pouco e o papel muito caro, ele não poupou recriminações para a garotinha, que ficou triste e chorou.

Naquela mesma noite, o pai encontrou num canto da sala, um embrulho dourado não muito bem feito, no local onde a família colocara os presentes para serem distribuidos no dia de Natal .

Na manhã seguinte, logo que despertou, a menina correu para ele com o embrulho nas mãos, abraçou-o forte, encheu seu rosto de beijos e entregou-lhe o presente, e disse:

Isto é para si, paizinho!

Ele sentiu-se muito envergonhado com com a sua furiosa reação do dia anterior.
Mas, logo que abriu o embrulho, voltou a explodir. Era uma caixinha vazia.

(Gritou para a filha):
Você não sabe que quando se dá um presente a alguém, se coloca alguma coisa dentro da caixa?

A criança olhou para ele, com os olhos cheios de lágrimas e disse:

Mas, paizinho, a caixinha não está vazia. Eu soprei muitos beijos para dentro dela.
Todos para si, paizinho.

O pai quase morreu de vergonha. Abraçou a menina e suplicou que ela o perdoasse.

Dizem que o homem guardou a caixa dourada ao lado da sua cama por anos.
Sempre que se sentia triste, chateado, deprimido, ele procurava na caixa um beijo imaginário e recordava o amor que sua filha havia posto ali.

De uma forma simples cada um de nós, humanos, temos recebido uma caixinha dourada, cheia de amor incondicional de nossos pais, de nossos filhos, de nossos irmãos e amigos.

Entretanto , nem sempre damos conta. Estamos tão preocupados com o ter, com valores do mundo, que as coisas pequenas não são percebidas por nós.

Assim, a esposa não valoriza o ramalhete de flores do campo que o marido lhe oferece, no dia do aniversário. É que ela esperava receber uma valiosa jóia e não aquela insignificância.

O marido nem agradece o fato da esposa, no dia em que comemoram  mais um ano de casados, esperá-lo com um jantar simples, a dois, em casa. Ele estava à espera de uma comemoração em grande estilo, ruidosa, cercado de amigos e muitos comes e bebes.

Os pais não dão importância àquele cartão meio amassado que os pequenos trazem da escola, pintado com as mãos de quem apenas ensaia a arte de dominar as tintas e os pincéis nas suas mãos pequeninas.

Eles estão mais envolvidos com as contas que a escola está cobrando e acreditam que pelo valor da mensalidade paga, os professores deveriam ter enviado um presente de valor.

Pois é, muitos de nós não encontramos os beijos na caixinha dourada. Apenas vemos a caixinha vazia.


Os convidados da Rosa

Lena e João, trouxeram Catarina Furtado e a Ala dos Namorados, Solta-se o beijo


















Espreito por uma porta encostada
 Sigo as pegadas de luz
 Peço ao gato "xiu" para não me denunciar
 Toca o relógio sem cuco
 Dá horas à cusquice das vizinhas e eu
 Confesso às paredes de quem gosto
 Elas conhecem-te bem

Aconchego-me nesta cumplicidade
 Deixo-me ir nos trilhos traçados
 Pela saudade de te encontrar
 Ainda onde te deixei

Trago-te o beijo prometido
 Sei o teu cheiro mergulho no teu tocar
 Abraças a guitarra e voas para além da lua

Amarro o beijo que se quer soltar
 Espero que me sintas para me entregar
 A cadeira, as costas, o cabelo e a cigarrilha
 A dança do teu ombro...

E nesse instante em que o silêncio
 É o bater do coração
 Fecha-se a porta
 Pára o relógio
 As vizinhas recolhem
 Tu olhas-me...
 Tu olhas-me...

Trago-te o beijo prometido
 Sei o teu cheiro, mergulho no teu tocar
 Abraças a guitarra e voas para além da lua

Amarro o beijo que se quer soltar
 Espero que me sintas para me entregar
 A cadeira, as costas, o cabelo e a cigarrilha
 A dança do teu ombro...

E, nesse instante em que o silêncio
 É o bater do coração
 Fecha-se a porta
 Pára o relógio
 As vizinhas recolhem

Solta-se o beijo, o gato mia...
 Solta-se o beijo, o gato mia...
 Solta-se o beijo, o gato mia...
 Tu olhas-me...
 Tu olhas-me...
 Solta-se o beijo, o gato mia...
 Solta-se o beijo, o gato mia...
 Solta-se o beijo, o gato mia...


Mariana, leu

O BEIJO MATA O DESEJO

MOTE

«Não te beijo e tenho ensejo
Para um beijo te roubar;
O beijo mata o desejo
E eu quero-te desejar.»

GLOSAS

Porque te amo de verdade,
'stou louco por dar-te um beijo,
Mas contra a tua vontade
Não te beijo e tenho ensejo.

Sabendo que deves ter
Milhões deles p'ra me dar,
Teria que enlouquecer
Para um beijo te roubar.

E como em teus lábios puros,
Guardas tudo quanto almejo,
Doutros desejos futuros
O beijo mata o desejo.

Roubando um, mil te daria;
O que não posso é jurar

António Aleixo In “Este livro que vos deixo”















Helena P., leu

A BÍBLIA - O CÂNTICO DOS CÂNTICOS
(excertos das “Belezas da amada” e “Procurar o amado”)

     Belezas da amada

Ele
Toda  bela és tu, ó minha amada,
 e em ti defeito não há.
Vem do Líbano, esposa,
vem do Líbano, aproxima-te.
Desce do cimo de Amaná,
do cume do Senir  e do Hermon,
dos esconderijos dos leões,
das tocas dos leopardos.

Roubaste-me o coração, minha ir-
mã e minha noiva,
roubaste-me o coração com um
     dos teus olhares,
com uma só conta do teu colar.
Como são doces as tuas carícias,
    minha irmã e noiva!
Muito melhores que vinho são as
     tuas carícias,
mais forte que todos os odores
É a fragrância dos teus perfumes.
Os teus lábios destilam doçura, ó
      minha noiva;
há mel e leite sob a tua língua,
e o aroma dos teus vestidos
é como o aroma do Líbano.

      Procurar o amado

   Ele
Abre, minha irmã e amiga, pom-
   ba incomparável!
Tenho a cabeça coberta de or-
valho,
E os meus cabelos, das gotas da
     noite.

   Ela
Já despi a minha túnica.
Vou tornar-me a vestir?
Já lavei os meus pés.
Vou sujá-los de novo?
Meu amado passou a sua mão
     pela fresta
e as minhas entranhas estreme-
    ceram por ele.
Levantei-me para abrir ao meu amado;
as minhas mãos gotejavam mirra,
Os meus dedos eram mirra escor-
    rendo
nos trincos da fechadura.
Fui abrir ao meu amado.













António Soares, leu

O BEIJO de Alexandre O´Neil,
 in “No Reino da Dinamarca”

Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.

Donde teria vindo! (Não é meu…)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?

É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.

E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam loucas!
De inveja as gaivotas a gritar…





















De António Gil,

A saga do... beijo

Dia 17 de Julho 2012.
É sorteado na sessão do Leituras em Alta o tema para o próximo encontro: Beijo.
Penso (logo existo...) nada mal... “O Beijo da Mulher Aranha”, com a Sónia Braga...
Volto a pensar... amanhã ataco a coisa...
Dia 18 de Julho 2012
Li um livro há algum tempo (anos, claro...) “O Beijo da Palavrinha”, do Mia Couto... muito engraçado. Vou procurar!
Dia 19 de Julho de 2012.
Bem... hoje não consigo dar a volta ao Beijo... O trabalho, sempre o trabalho...
Dia 20 de Julho 2012
Hoje não pode ser... tenho de dar um empurrão nas páginas que faltam... logo à noite procuro na net... É o procuras... reunião de Condóminos. Lá se foi o Beijo.
Dia 21 de Julho 2012
Hoje só carros... nem tenho tempo para ir à Internet procurar o Beijo...
Dia 22 de Julho 2012
Mais carros e o regresso... pode ser que chegue a horas a casa... Não querias mais nada!?
Dia 23 de Julho 2012
Tenho que ir com a minha Mãe ao médico... não seria grave se fosse aqui, mas ela está em Estremoz.
Nada de Beijo... só o que dei à minha Mãe à chega lá.
Dia 24 de Julho 2012
Ida ao médico... a Badajoz... lá se foi o dia e... de Beijo só o da despedida da minha Mãe antes de regressar a casa... já ao fim do dia.
Dia 25 de Julho 2012
Bolas... ainda há coisas para fazer para a revista deste mês... e isto está complicado... pode ser que logo à noite.
Qual quê? Com a ida ao Teatro Meridional...
Dia 26 de Julho 2012
Carago... a 4L está a perder água tenho que ir para o mecânico, no Casal da Mina. Um dia perdido... almoço e jantar com o mecânicos e os mais mil mecânicos de 4L que por lá apareceram.
Dia 27 de Julho 2012
Hoje não há Beijo para ninguém... tenho de acabar mais um texto e ir para Queluz.
Dia 28 de Julho 2012
Saio às 6 horas para Coimbra... o dia termina em Cantanhede ao som do Toni Carreira... só me faltava isto!!
Dia 29 de Julho 2012
Cantanhede e carros, mais carros e carros... pode ser que me despache e volte para casa ainda a tempo de procurar na net “O Beijo da Palavrinha”.
Dia 30 de Julho 2012
Despachar estas coisas e vou procurar o Beijo... não está. Não aparece. Mas foi, há uns anos, do Plano Nacional de Leitura! Não está! E hoje não há Biblioteca. Vou amanhã de manhã.
Dia 31 de Julho 2012
Bolas!!! a Biblioteca só abre às 15 horas. Depois de almoço dou lá um salto.
18 horas... finalmente consigo chegar à Biblioteca... Mia Couto... cá está! Estou salvo! Não há o “O Beijo da Palavrinha”!!!!!
19 horas... olha está a aqui a Anais Nïn... há que tempos que não leio nada dela... ups... são horas de dar um salto a casa e ir para o Leituras em Alta!
Sem o Beijo, claro!

Vasco e Élia, leram a sua interpretação de:













Horas Rubras de Florbela Espanca, in "Livro de Sórar" e
O Beijo Mata o Desejo de António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."


Não te beijo e tenho ensejo
Para um beijo te roubar;
O beijo mata o desejo
E eu quero-te desejar.»

Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos rubros e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...

Porque te amo de verdade,
'stou louco por dar-te um beijo,
Mas contra a tua vontade
Não te beijo e tenho ensejo.

Oiço olaias em flor às gargalhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p'las estradas...

Sabendo que deves ter
Milhões deles p'ra me dar,
Teria que enlouquecer
Para um beijo te roubar.

Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...


E como em teus lábios puros,
Guardas tudo quanto almejo,
Doutros desejos futuros
O beijo mata o desejo.

Sou chama e neve e branca e mist'riosa...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

E houve presentes:



Helena A. e Alexandra F., leram a sua versão de Save Your Kisses for me, de letra e música de Tony Hiller, Lee Sheriden e Martin Lee:


Guarda os teus beijos para mim 




Custa tanto ir embora.
Não posso ficar agora.
Mas digo uma coisa antes de partir:
Amor,
(Amor) tu bem sabes!
Estarei a pensar em ti
E em tudo o que tu fazes.
O tempo está a passar.
Tenho de me pôr a andar,
Mas tu prendes-me com o teu sorrisinho.
Amor,
(Amor) sem chorar,
Farás tudo bonitinh’ e
Prometes que vais guardar… os teus bei-…
jinhos p’ra mim.
E eu guardo os meus para ti.
Adeus, bebé, adeus.
Não chora, amor, não chora.
Vou sair pela porta,
Mas breve estarei de volta, com …
Beijos pra ti.
Guarda os teus para mim.
Vá lá, amor, vá lá.
Fica aqui a brincar.
Não m’ estejas a prender,
Pois sabes que eu vou dizer:
Que tenho d’ ir trabalhar,
P’ra nos poder sustentar.
Mas farei tudo para voltar p’ra ti.
Amor,
(Amor) sabes bem,
Quanto gosto de ti.
Peço que guardes também… os teus bei-…
jinhos p’ra mim.
E eu guardo os meus para ti.
Adeus, bebé, adeus.
Não chora, amor, não chora.
Vou sair pela porta,
Mas breve estarei de volta, com…
Beijos p’ra ti.
Guarda os teus para mim.
Vá lá, amor, vá lá.
Fica aqui a brincar.
Não peças p‘ra ficar.
Vais tu ficar a guardar… os…
Beijos p’ra mim.
Guarda todos para mim.
Adeus, bebé, adeus.
Não chora, amor, não chora.
Queres guardá-los p’ra mim,
Mesmo que só tenhas três?... 

Adaptação para português da conversa dos papás para o filhote



Sem comentários:

Enviar um comentário