quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Próxima Sessão - 27 de Novembro 2012

Tema - LUZ




Responsável pela sessão - Mila 




terça-feira, 20 de novembro de 2012

IMAGEM

Sessão de 13 de Novembro de 2012

Carmen, leu: de Cristina Carvalho - Lusco Fusco






A FADA DA VISÃO
In Lusco-fusco, Cristina Carvalho

A fada da visão
ofereceu-me a luz e a cor.
Houve um dia que eu te vi, Viktor e achei que eras bonito. Bonito e diferente de mim. Estavas à beira da lagoa. Pequenas libélulas transparentes, esverdeadas, azuladas, roxas, rosadas sobrevoam aos ziguezagues e poisam nas pedras húmidas das margens, escondendo-se no emaranhado dos canaviais e revolteando por cima das águas, para trás e para a frente atapetando o ar, polvilhando-o com os seus corpinhos finos, esguios e delicados.
Moramos quase no mesmo sítio, naquele descampado ali ao longe. Eu sei de ti e tu sabes de mim. Mas éramos muito pequenos quando nos vimos pela primeira vez. Os tempos passaram – não digo os anos passaram porque nós não temos anos nem idades, não temos nada, não somos nada nem ninguém… por isso, apareceste um dia ao fundo da floresta, figura que se podia confundir com um tronco de árvore, acastanhado, coberto de pó de terra, os cabelos lisos, brilhantes, os teus olhos falam para mim, olham-me, lêem os meus sonhos e tu, Viktor, aí estás a caminhar lentamente pelo carreiro da floresta e eu a esperar-te aqui no extremo da luz que vem nem sei de onde, um túnel de luz que varre, com a sua língua irisada de todos os tons da terra inteira, o ar que me envolve, o chão que suavemente piso e vens, aproximando-te rapidamente até que me alcanças a mim, que estou aqui parada há tempos e tempos sem fim. À tua espera.
Abraçamo-nos finalmente. Os nossos corpos sem espessura nem matéria confundem-se num só, o meu cabelo ruivo espalha-se pelos teus ombros, pelo teu rosto, pelo teu corpo e envolve-te completamente. Tu sentes o meu cheiro, percebes o meu sabor, deixas-te admirar, deslumbrar sem perceber muito bem o que te está a acontecer. Eu tento mexer em ti, festejar-te, alcançar as tuas cavernas inalcançáveis, secretas, deixa-me mexer em ti, afagar-te, explorar o teu corpo que existe e não existe, que eu conheço e não conheço. Se me deixares observar-te, Viktor, posso garantir-te que tudo será mais fácil entre nós. No desconhecimento dos corpos existe impureza, engano, desilusão.
Neste momento em que experimento conhecer-te, a fada da visão aparece. Dança à nossa frente, na penumbra de mistério que os nossos olhos fechados contêm. Experimentem fechar os olhos, de dia, num canto duma floresta, encostados a alguma árvore. Experimente! Há uma sombra qualquer, uma mancha que vai e vem, que dança mesmo à nossa frente sem nós a vermos, e que de repente se transforma num clarão inesperado, num raio de luz branca que nos pode cegar momentaneamente. São elas. São as fadas da visão. Essas manchas de luz que veem quando fechamos os olhos, por detrás do olhar, são as fadas da visão que nos visitam. Muitas vezes vemos as tais manchas a mexer-se, a aproximar-se, a afastar-se, manchas-clarão. São elas!
Se não fossem elas, se não fosse a sua presença, o meu olhar nunca te teria encontrado. Nunca teríamos a alegria de poder ver uma aurora, um crepúsculo, uma noite estrelada de verão ou de inverno, uma água, a cor duma planta, duma flor, a cor da Terra.
O que é que eu, Rocka, posso fazer ao olhar para uma fada-flor que se abre de repente, e da noite para o dia se alarga, entontece, que procura o meu olhar?
Nada. Não posso fazer nada a não ser olhar para ela. Simplesmente. E que o nosso olhar se procure e se entenda, que não sejam precisas as palavras porque tudo ficará a mais neste silêncio sublime.
Nem sequer tenho música dos pássaros para te oferecer. Hoje não tenho nada para te dar a não ser o que não quero dar, tudo o que me é proibido, afastado, longe, altíssimo como o voar de duas aves que se equilibram num espaço vazio e num cheiro qualquer. Pode ser o cheiro da floresta. Ou o cheiro do mar.
Gostei de ti, fada do olhar.




Vitória, leu: de Gonçalo Tocha, É Na Terra Não é Na Lua (excerto)






Rosa e Xana, leram Meditação n.º 14 (O ser e o parecer)




Vasco, leu: De William Shakespeare, Soneto 22 - Não Diga o Meu Espelho que Envelheço



Não diga o meu espelho que envelheço, 
se a juventude e tu têm igual data, 
mas se os sulcos do tempo em ti conheço 
então devo expiar no que me mata. 
Tanta beleza te recobre e deu 
tais galas a vestir a meu coração, 
que vive no teu peito e o teu no meu. 
Mais velho do que tu serei então? 
Portanto, meu amor, cuida de ti 
como eu, não por mim, por ti somente 
te cuido o coração, que guardo aqui 
como à criança a ama diligente. 
    Não contes com o teu se o meu morrer. 
    Deste-me o teu e o não vou devolver. 

Mila, leu de: Luigi Pirandello, Um, Ninguém e Cem Mil





Helena Amélia, leu de Charlie Chaplin - Necessito de um amigo; e de Oscar Wilde - Loucos e Santos
(Estes textos foram oferecidos aos quatro aniversariantes do mês de Outubro, pela Carmen.) 





- PRECISO DE ALGUÉM
Que me olhe nos olhos quando falo.
Que ouça as minhas tristezas e neuroses com paciência.
Preciso de alguém, que venha brigar ao meu lado sem precisar ser convocado; alguém Amigo o suficiente para dizer-me as verdades que não quero ouvir, mesmo sabendo que posso odia-lo por isso.
Neste mundo de céticos, preciso de alguém que creia, nesta coisa misteriosa, desacreditada, quase impossivel de encontrar: A Amizade.
Que teime em ser leal, simples e justo, que não vá embora se algum dia eu perder o meu ouro e não for mais a sensação da festa.
Preciso de um Amigo que receba com gratidão o meu auxílio, a minha mão estendida.
Mesmo que isto seja pouco para as suas necessidades.
Preciso de um Amigo que também seja companheiro, nas farras e pescarias, nas guerras e alegrias, e que no meio da tempestade, grite em coro comigo:
"Nós ainda vamos rir muito disso tudo"
Não pude escolher aqueles que me trouxeram ao mundo, mas posso escolher o meu Amigo.
E nessa busca empenho a minha própria alma, pois com uma Amizade Verdadeira, a vida se torna mais simples, mais rica e mais bela...

Charlie Chaplin

- Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde



 Helena Policarpo, António Soares e António Gil, leram TEMPO DE CINECLUBES
(extracto - autor desconhecido)




Em fins da década de cinquenta, recém-casados - eu com 28 anos e a Adelina com 21 - entrámos juntos para sócios do Cineclube Imagem, que frequentámos durante vários anos e onde tivemos
ocasião de assistir a filmes de grande qualidade e ler e ouvir críticas sobre tais filmes, sobre a sua estética e a estética do cinema em geral e, principalmente, a sua influência como veículo cultural por um lado, e instrumento de repressão por outro.
É evidente que o governo salazarista não morria de amores pelos cineclubes nem por quaisquer outras iniciativas que cheirassem a cultura, fora da rédea curta das suas próprias bafientas instituições. Não era Goebbels, um dos principais émulos da Alemanha nazi, que dizia que quando ouvia falar em cultura puxava logo da pistola?
Pois o Goebbels caricatural e provinciano cá do sítio, tudo fez para abafar os cineclubes logo à nascença. Só devido à pertinácia e coragem de alguns carolas, especialmente o Cineclube do Porto - o primeiro a aparecer em Portugal, em 1945, logo a seguir, portanto, à derrota do nazismo pelos aliados - o movimento cineclubista resistiu à repressão que sobre ele se abateu e, resistindo cresceu.

Quando a ele aderimos, já estava amplamente difundido em todo o território nacional, com clubes a funcionar em praticamente todas as cidades e algumas vilas. Em Lisboa, de  que eu tenha conhecimento (estou a escrever de memória e ao fluir da pena, sim, porque muito embora seja essa a realidade, não dá muito jeito dizer (“ao fluir do teclado”) havia, pelo menos, quatro: O Cineclube Imagem, o ABC- Cineclube, o Cineclube Católico, e o Cineclube Universitário.
Quem nos apresentou a ficha de inscrição foi o Vasco Granja. Lembram-se do homem que, sendo gago, falava pelos cotovelos, apresentando na RTP um programa de filmes de animação que faziam as delícias da garotada (e não só) e que foi um dos que mais tempo durou na história da Televisão Portuguesa? Faleceu em 2009.

Os filmes exibidos eram todos acompanhados de um caderno com a respectiva ficha técnica, biografia e filmografia do realizador e elaboradas críticas, onde se abordava a respectiva temática e estética, sempre do ponto de vista de interpretação marxista, clara ou encapotada, que os sócios, aos poucos iam aprendendo a descodificar.
Claro que a PIDE vigiava atentamente todas as actividades dos cineclubes e em especial ao Cineclube Imagem. Não será de estranhar pois que muitos de nós tenham sido presos. Assim aconteceu comigo, por exemplo. Ah, pois, não se julgue que o 25 de Abril aconteceu por acaso, porque uns tantos militares resolveram fazer um golpezito para se entreterem. O 25 de Abril aconteceu porque havia muita gente que durante os anos das trevas lutava para manter a chama acesa e criar as condições objectivas para que essas trevas se dissipassem.
Mas todo este preambulo acerca dos Cineclubes e que, sem contar, me fez alargar um pouco mais a conversa para falar de coisas que é sempre bom que não caiam no esquecimento, porque para as fazer esquecer já há muita e empenhada gente, este preambulo dizia, vem a propósito de um pequeno episódio que se passou connosco numa das sessões de cinema, julgo que no Capitólio.

Naquela tarde (as sessões, tinham lugar por volta das 19 horas, à saída dos empregos) o filme do programa era “Labirinto Infernal”, co-produção França/México, de 1956, realizado por Luis Buñuel.
Não era dos mais representativos do grande realizador espanhol, pois se fosse, a censura se encarregaria de obstar a que fosse visto cá em Portugal. Era um filme que, até certo ponto se poderia incluir no género de aventuras, mas o génio e o espírito iconoclasta de Buñuel lá estavam presentes, em pequenos apontamento como o episódio do padre queimando aos poucos as folhas do breviário, numa utilização pouco espiritual mas muito mais proveitosa naquele caso, do que rezar.

Acontece que, logo no princípio do filme, o “rapaz”, como então se dizia, passa com duas mulas carregadas de mercadorias por uma clareira onde um pelotão de soldados se prepara, de armas apontadas, para fuzilar uma fila de camponeses revoltosos postados na sua frente. Pois o nosso herói, com a calma e a audácia que lhe dá a certeza de aquilo ser tudo encenado para a câmara, como acontece com todas as fitas, atravessa impávido, à frente das mulas que puxa pela arreata, por entre as duas filas, de soldados de um lado e camponeses do outro.

Aí, o cabo do pelotão grita uma frase ameaçadora cujo teor exacto não me recordo, mas que seria mais ou menos “arreda, gringo de un cabrón, que te hodo nos cuernos !”
E o nosso homem, como resposta, limita-se a levantar o braço direito e com ele levantado, e fazendo ao mesmo tempo com os dedos aquela representação fálica que todos conhecemos, com o dedo médio erguido, a simular um pénis e o anelar e o indicador dobrados, configurando os indispensáveis “tintins” -representação em que os portugueses são mestres e que a maior parte do outros povos se limita a uma imitação pífia, sem nível, que se reduz apenas ao simples erguer de um único dedo - o nosso homem, dizia, que por acaso (e com isso ganhou de imediato a  minha simpatia) até fazia o gesto igualzinho ao nosso, continuou impávido e sereno, sem apressar o passo, sempre com o braço erguido, até sair da linha de fogo e prosseguir a sua olímpica caminhada.
Só depois se ouviu a descarga dos fusis e os camponeses caíram todos por terra, mortinhos da silva, sem um ai nem um estrebucho e o nosso homem, sem sequer virar a cabeça, lá seguiu até a câmara se esquecer dele e passar a outro plano.

À saída do cinema, a caminho do comboio e em busca do jantar, íamos comentando o filme, eu a salientar a excelência de umas cenas, e a Adelina a manifestar a sua preferência por outras.
“Só uma coisa não percebi”, diz-me ela a determinada altura,
“foi a razão daquela despropositada gargalhada geral, na cena de maior suspence, quando o homem passava em frente das espingardas prontas a disparar.”
É que, expliquei eu, o gesto que ele fez com os dedos constitui uma conhecida e popular representação fálica, que, naquelas circunstâncias, constituindo uma provocação, mais cómica se tornou.

“Ah, tornou a Adelina, só agora percebo porque é que a minha tia, sempre que - numa velha máquina de escrever que ela trouxe da América - eu escrevia apenas com o dedo médio de cada mão e com os outros encolhidos, porque isso me dava mais jeito, me batia sempre nas mãos e me dizia para não escrever assim.”
Não é uma ternura?

Epílogo:

Há dias, descendo a Avenida 25 de Abril, aqui em Almada, quatro ou cinco miúdas que não teriam mais de 14 ou 15 anos e que à minha frente caminhavam, vinham numa conversa tão desbragada, tão recheada de palavrões, que até o Bocage coraria de os ouvir…

Outros tempos, outros modos de estar.
Os palavrões não me incomodam, mas que o meu tempo era um tempo mais de causas, lá isso era.


No L.E.A. também há tempo para jogar.

















O Vasco trouxe o jogo "Quem é quem?", na versão L.E.A.
Composto por dois baralhos de cartas, o primeiro contem as descrições dos rostos de cada um.
(Cada pessoa foi autora da sua descrição)
O segundo, a foto da pessoa descrita.






Deitadas as cartas do jogo, coube ao grupo adivinhar quem era o colega descrito em cada carta, correspondendo às imagens do outro baralho.
















Não foi tarefa fácil.


































criatividade dos textos escondeu a evidência e o humor aguçou a curiosidade, ao desvendar de cada carta.




































domingo, 28 de outubro de 2012

Próxima sessão: 2012-11-13, Tema - IMAGEM















IMAGEM















Responsável pela sessão: Vasco Maia

Júlio Dinis (A sessão, em 23-10-2012)


Esta sessão teve exercício muito original.
O António Gil partilhou com o grupo a leitura de títulos de jornal.
Um exercício jornalístico que sensibiliza o autor para o impacto que os seus títulos produzem no leitor.



Texto lido por Helena Policarpo.














NOVA VÉNUS

Poesia de JÚLIO DINIZ escrita em 28 de Fevereiro de 1863.

Solta aos ventos as tranças douradas,
Meiga filha das bordas do mar,
E no meio das vagas iradas
Solta aos ventos o alegre cantar.

Não, não temas as nuvens sombrias,
Que uma a uma se elevam d´além;
Que, rodeado de amor e  alegrias,
O teu céu dessas nuvens não tem.

Canta sempre; de noite, às estrelas,
De manhã ao luzir do arrebol,
Ao passarem no mar as procelas,
Ao sorrir nos outeiros o sol.

Canta sempre, ó alcião destas vagas,
Nova filha da espuma do mar,
Canta sempre, e eu sentado nas fragas,
Voltarei para ouvir-te cantar.


Texto lido por António Soares e Cristina Paiva.
















UMA CONSULTA

Poesia de Julio Diniz escrita em Janeiro de 1860.

-- Dá licença?
-- Entre quem é.
-- Muito bons dias.
-- Olé! Por aqui, minha senhora?
Desculpe Vossa Excelência
Se a não conhecia agora.
--Sem mais. À sua ciência
Recorrer venho.
-- Deveras?
(Senhor me dê paciência;
Nunca tú cá me vieras!)
-- Então que temos?
-- Padeço.
-- Sim, porém de que doença?
--Essa é boa! Acaso pensa
Que eu, porventura, a conheço?
-- Ah! Não conhece?
-- Quem dera!
Então não o consultava.
(-- E eu que muito estimava!)
Mas diga então…
-- Eu lhe conto.
Ouça bem. Não perca um ponto.
-- Nem um ponto hei-de perder.
-- Ai, doutor, meu peito…
-- É do peito que padece?
Quem havia de o dizer?
-- Ih Jesus, doutor, parece
Que me quer interromper?
Não era a isso sujeito.
-- Nem o tornarei a ser.
Vamos lá.
-- Ora eu começo.
Atenção é o que lhe peço;
Diga-me, que lhe pareço?
Não me acha muito abatida?
-- Assim, assim; mas às vezes,
A vista pode enganar.
-- Não, não, pode acreditar
Que, há já um bom par de meses,
É um tormento esta vida.
-- Então o que é que sente?
-- O que sinto? Ora eu lhe digo:
O doutor é meu amigo?
-- Oh senhora?…
-- E é prudente…
Ouça pois. Eu dantes era
Fera e rija que era um gosto!
Ou em Dezembro ou em Agosto
Correr o mundo pudera,
Sem, no fim, me achar cansada.
-- E hoje?
-- Não lhe digo nada.
Nem comigo posso já!
-- Mau é.
-- Quer saber, doutor?
Só para vir até cá
Que tormentos não passei!
-- Diga-me, se faz favor,
Que idade tem?
-- Eu nem sei.
Eu sou mais nova três anos
Que o reitor da freguesia.
( -- É grande consolação!)
-- Tenho ainda outros dois manos,
Que mais velhos do que eu são…
Porém como eu lhe dizia,
Doutor…
-- Que mais sente então?
-- A vista sinto estragada.
Até já me custa a ler!
De mais a mais sou nervosa,
Isso não lhe digo nada!
Olhe, estou sempre a tremer.
-- Faço ideia.
-- Andava ansiosa
Por consultar o doutor…
Eu tenho em si muita fé.
-- Lisonjeia-me.
-- Outra queixa
Que eu sofro também…
-- Qual é?
--É dum forte mal dos dentes.
Todos me caiem.
-- Bem, bem…
-- E os que restam, mal assentes,
Qualquer dia vão também.
-- É provável.
-- Ai, doutor
Que cruel enfermidade!
Não acha?
-- Acho e o pior…
-- Há-de curar-me, não há-de?
-- E então não sente mais nada?
-- Nada. Ai sim, tem-me par’cido…
Porém talvez me iludisse…
-- Diga.
-- A semana passada,
Como ao espelho me visse…
Pareceu ter percebido…
-- O quê?
-- Que a pele não era
Como dantes tão macia.
-- E então?
-- Quem visse dissera
Que eram rugas.
(-- Eu dizia!)
E é isso o que padece?
-- Inda pouco lhe parece,
Doutor?
-- Por certo que não.
-- Então que doença tenho?
-- Em sabê-lo muito empenho
Sempre tem?
-- Eu? Pois então,
Para isso o procurei.
-- Bem, então, sempre lho digo,
Mas julgo não ficarei
Por isso seu inimigo.
-- Oh, meu doutor!
-- O seu mal
É, senhora, d’algum p’rigo.
-- Ai, Jesus!
-- E muita gente
Dele morre…
-- Oh, Santo Deus!
Por quem é, não diga tal!
E morre-se de repente?
-- Conforme.
-- Pecados meus!
E então é isso o que pensa?
Porém ainda não me disse
o nome dessa doença.
E eu sempre o quero saber…
-- O nome?
-- Sim.
-- É… velhice!
………………………………..
-- E o remédio?
-- Morrer!


Ana Maria e António










(António)


As Pupilas do Senhor Reitor

É uma história vulgar a deste homem. Insistir nela seria contar ao leitor coisas sabidas.
A quem reservará a sorte o privilégio de ignorar uma história assim?
Era, pois, um desgraçado. Isto bastava para que, ao seu lado, visse, olhando-o compadecido, o rosto de Margarida, e, animando-o, os sorrisos de Clara.
O infortúnio chamou, para junto do leito de miséria deste velho desanimado, estas duas mulheres. Ao lado de todas as cruzes aparecem desses vultos compassivos.
Com que havia de recompensar a devoção heróica de duas juventudes à velhice empobrecida, quem nada tinha que dar?
Não lhe exigiam elas a recompensa, é certo; mas pedia-lha a alma.
Dos amigos, que tivera, só lhe restavam quatro; e esses lhe valeram. Eram quatro livros...
Talvez os leitores já estivessem imaginando que este homem trouxera ainda quatro amigos para a adversidade, sem serem livros. Custa-me desenganá-los; mas não trouxe.
Foi nestes livros que Margarida encontrou novos alimentos para a leitura. Não sei bem ao certo quais eram eles.
Estas leituras, dirigidas agora pela critica esclarecida e o são juízo do pobre velho, valeram imenso a Margarida, que, dentro em pouco, chegou a uma cultura intelectual, a que nunca tinha aspirado.
Por isso, na ocasião de formar projectos, para se dignificar aos próprios olhos pelo trabalho, sorria-lhe principalmente a carreira do ensino. Ensinar era aprender, ensinar era amar; e estas duas necessidades daquele espírito generoso, aprender e amar, se satisfaziam assim.
Cultivar inteligências e cultivar afeições!... que futuro! A alma, no íntimo apaixonada, de Margarida exultava só com a ideia.
Restava obter o consentimento de Clara, e que táctica não seria necessária para isso!
- Clarinha - disse-lhe pois um dia Margarida — vou pedir-te um favor!
- É possível! - exclamou Clara, sinceramente admirada. É esta a primeira vez me pedes um favor, Guida. Repara bem.
- Tanto mais razão para mo concederes, filha; não é verdade?
- Assim me pedisses mil, Guida, para todos te conceder também. Ora dize.
- Sabes? Eu não me dou com esta vida de senhora, em que tu me tens. Que queres, minha filha? Isto de trabalhar é hábito que se ganha de pequeno e se não perde mais...
Mas então? - disse Clara pondo-se séria como se suspeitasse vagamente o que a irmã lhe ia dizer.
Queria que me deixasses trabalhar.
Mas não trabalhas tu tanto, mais do que eu, Guida? Podia eu, sem ti, olhar por estas coisas de casa, de que não entendo, de que não quero entender? Só se queres vir levar ao ribeiro comigo. Ora! Guida, estas mãos delgadas já não foram feitas para isso.
O que dizes que eu tenho que fazer, Clarinha, não é trabalho que ocupe muitas horas, como sabes. Resta-me ainda tanto tempo! Olha que os dias são muito grandes.
Mas que queres tu afinal?
Sabes?... Uma coisa que eu desejava... uma coisa que me faria andar alegre até!... não desejas tu ver-me andar alegre? Não me ralhas tu pelas minhas tristezas?
Mas vamos a ver o que tu querias; o que é que te daria essas alegrias grandes? Alguma loucura grande também.
Não é, não. Olha... se eu tivesse umas poucas de crianças para ensinar...
Clara não a deixou continuar.
- Tu, tu, minha irmã! Ensinares tu as filhas dos outros?! Víveres de educar os filhos alheios!
- Ó orgulhosa! Então isso é alguma vergonha? Anda lá, que se o Sr. Reitor te ouvia...
- Mas que se diria de mim, Guida? Sempre tens coisas! Repara bem, que se diria de mim?
- Que és uma boa alma, Clarinha, que tu repartes comigo a tua casa, o teu...
- Guida! - exclamou Clara, interrompendo-a com um tom de repreensão.
- E que se dirá de mim, se me não concederes o que te o que te peço? O que se terá já dito?
- Que és muito boa em não me abandonares, em me dates conselhos, em me perdoares as minhas doidices.
- Mas não é também por o que dirão, que eu te peço isto, não; é, porque o coração me leva a pedir-to.
Guida, por amor de Deus! Perde essa ideia! É uma desfeita que me fazes.
Não é, minha filha, não é. Pois bem, pergunte-se ao Sr. Reitor e se ele disser que...
Ora, o Sr. Reitor, sim! Basta ser pedido teu para ele o aprovar.
Estás sendo muito má - disse Margarida afagando-a.
Depois de alguma luta, foi resolvido consultar o pároco, ficando cada uma com a liberdade de pleitear a causa própria.
Clara tinha alguma razão em suspeitar da imparcialidade do Juíz. O pároco, tutor das duas raparigas, costumara-se a admirar o bom senso e inteligência superior de Margarida a ponto de confiar mais nela, do que em si mesmo.
Decidiu pois a demanda a favor da irmã mais velha, excitando contra si um amuo de Clara, que durou três dias. Era extensão excepcional nos despeitos da boa rapariga; mas é que desta vez sempre se tratava de Margarida, e em tais assuntos Clara era intolerante.
Em resultado de tudo isto, passados dias, começou Margarida a sua tarefa de educação, à qual se entregava com amor. As crianças afluíam-lhe atraídas por aquela suavidade de maneiras, que constituía um dos mais fortes atractivos do carácter dela.
No entretanto o reitor ia-se afeiçoando todos os dias mais às suas pupilas.
À mais velha dizia:
- Toma-me conta em Clara. É rapariga e amiga de brincar? Faze com que te confie todos os segredos. Serve-te do poder que tens sobre ela para a guiares, minha filha. Dá-Lhe parte do teu juízo.
E, por outro lado, dizia a Clara:
- Olha lá, rapariga. Tu anda-me com juizínho; ouviste? É bom rir e estar alegre, mas em termos, em termos. Segue os conselhos de tua irmã e faze por imitá-la.
E, consigo só, dizia, ao lembrarem-lhe as duas:
- Excelentes corações! Deus lhes dê na terra a felicidade, que eu lhes desejo de que são dignas. A Clarita bem está... Tem dos bens da fortuna, não lhe faltarão arrumações; Mas a pobre Margarida... Se ao menos, por felicidade, tiver um cunhado que seja homem de bem!...

A Xanas (Alexandra J. e Alendra F.) e o Vasco, ajudaram a lembrar as Pupilas do Senhor Reitor.















O João,




leu, de Pedro Mexia: Aniversário; e Eternity (For Men)













Rosa, leu Metamorfose, de Júlio Dinis 




Mila, trouxe um texto de Mia Couto.





 Mariana e Helena, leram sobre Júlio Dinis


 O LEA tem no mês de Outubro muitos aniversariantes.
Aqui ficam os parabéns para a Helena, a Alexandra J., o João e o Vasco.


A Cristina brindou os aniversariantes com o poema Portugal Futuro de Ruy Belo:

o portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro




Teatro

Sessão de 9-10-2012

Tema: Teatro



A Cristina e a Helena numa parceria da ocasião e num momento de improviso, interpretaram a:
Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente.


Rosa e Alexandra Ferreira, interpretaram:
O João Chorão e o Zé Alegrias, autor desconhecido.




Vitória, leu: Papel Principal

A noite acabou

O jogo acabou

Para mim aqui

Quando acordar

Já te esqueci

O filme acabou

O drama acabou, acabou-se a dor

Tu sempre foste um mau actor

Fizeste de herói no papel principal

Mas representaste e mentiste-me tão mal.

Quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

afinal hoje o papel principal é

Meu e só meu

E quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu.

A noite acabou

O jogo acabou para mim aqui

Quando acordar já te esqueci

O filme acabou

O drama acabou, acabou-se a dor

Tu sempre foste um mau actor

Fizeste de herói no papel principal

Mas representaste e mentiste-me tão mal.

Quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu

E só meu

E quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu

Quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu e só meu

E quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu

Ohhhhhh

Letra de Adelaide Ferreira e Tó Zé Brito

Música de Tó Zé Brito




António Gil e Ana Maria, leram:
Os Herdeiros da Lua de Joana – Maria Teresa Maia Gonzalez – Edições Verbo

ACTO IV
CENA 1
Consultório do Psicólogo

DR. GOMES
(Sentado à mesa, virando-se para Bé) Finalmente, tenho o prazer de a conhecer, minha senhora! Já cá esteve o seu marido... e, claro, o Jorge, mas esse já o conheço há uns tempos, como sabe...
E como vai o meu filho doutor Gomes? Parece-me tão... desorientado!
DR. GOMES
Eu diria... revoltado. Mas a revolta do Jorge já vem de longe.
(Indignada) Não sei porquê! Teve sempre tudo o que quis!
DR. GOMES
(Sorrindo) Talvez por isso mesmo...
(Abanando a cabeça negativamente) Não compreendo! Aliás, ultimamente, tenho a sensação de que já não compreendo nada nem ninguém!
DR. GOMES
Quer exemplificar, senhora dona Isabel?
Por favor, trate-me por Bé, como toda a gente. Nunca gostei do meu nome, sabe?
DR. GOMES
(Sorrindo) Piquei agora a saber... Mas estava a dizer...
Ainda no outro dia houve uma discussão lá em casa por causa de uma coisa sem importância. (Pausa breve) A minha filha a Joana... tinha um baloiço no quarto dela; era uma coisa especial para ela, julgo... Foi ela quem me pediu que o mandasse fazer, de acordo com as indicações que me deu. Quando a Joana. .. desapareceu...
DR. GOMES
(Corrigindo delicadamente) Morreu...
(Morde o lábio inferior e respira fundo.) Sim, claro... Bem, como deve calcular, tivemos de dar um destino às coisas dela; ou melhor, quem fez isso fui eu, o que já era de esperar...
DR. GOMES
Porquê?
(Irritada) Ora! Porque o meu marido não teve coragem de decidir para onde iriam as coisas da filha! Se fosse por ele, não nos tínhamos desfeito de nada... (Elevando um pouco o tom de voz) claro que era preciso decidir o que fazer com as coisas da Joana!
DR. GOMES
Mas não deixa de ser um processo muito doloroso...
(Nervosa) Evidentemente!
DR. GOMES
Mas continue, por favor.
Fui eu que dei um destino a tudo, quero dizer... a quase tudo. Ficou...
DR. GOMES
O tal baloiço...
Pois foi. (Pausa breve) Sabe, é um baloiço muito original: tem a forma de uma meia-lua pintada de branco; de resto, todo o quarto da Joana era branco, completamente branco, até... até ela começar a... desnortear-se...
DR. GOMES
E a discussão foi sobre essa lua...
Pois foi. Não sabia o que fazer dela e deixei-a no corredor lá de casa, até encontrar uma solução... (Pausa breve) Ora, o meu filho irritadiço como tem andado, embirrou com aquilo e resolveu levar o baloiço para a sala! (Elevando o tom de voz) Uma coisa sem cabimento...
DR. GOMES
E como é que a Bé interpreta essa atitude do Jorge?
(Irritada) Sei lá! Foi para nos enervar ainda mais, a mim e ao pai! Como se não bastasse o que nos aconteceu...
DR. GOMES
(Corrigindo delicadamente) O que vos aconteceu a todos! O Jorge também sofreu e está a sofrer muito...
(Cabisbaixa) Sim, eu sei.
DR. GOMES
E não lhe ocorreu que o Jorge pode ter levado o baloiço da irmã para a sala para chamar a vossa atenção para alguma coisa que ele gostaria de ver mudada?
(Intrigada) O quê?
DR. GOMES
(Pausadamente) Esse baloiço... essa tal lua... de certa maneira, representa a Joana, não será?
Bem, talvez... (Pausa breve) Nunca tinha pensado nisso, mas faz algum sentido, sim...
DR. GOMES
Eu acho que faz muito sentido. Pelo que tenho ouvido acerca da sua filha, a visão que tenho dela pode bem ser materializada nessa tal meia-lua branca: a outra metade, como no astro, invisível, mas podemos visualizá-la facilmente... Ora, por aquilo que o seu marido me transmitiu, a Joana sentia-se muito... incompleta. Muito... só. (Pausa breve) Faltava-lhe a tal metade...
(Perplexa) Qual?!
DR. GOMES
(Sorrindo com condescendência) Vejo que ainda não pensou nisso, Bé, mas há-de chegar lá...
(Abespinhada) Mas eu dei atenção à minha filha ora essa! Atenção e muitos mimos! (Irritada) Se o meu marido lhe disse o contrário, mentiu!
DR. GOMES
Não, o seu marido nem me falou de si...
(Com ironia) Era de esperar... Ele vive obcecado com a Joana... Só pensa nela, só fala dela... Para ele, nada mais existe... Esquece-se de que era ele quem passava menos tempo a dar-lhe atenção!...
DR. GOMES
(Pausadamente) Não, Bé. Está enganada. O seu marido nunca mais se vai esquecer disso... É, aliás, isso que mais lamenta, para além do que aconteceu à Joana, evidentemente.
(Preocupada) quanto ao Jorge? Como é que posso ajudá-lo?
DR. GOMES
Primeiro, se me permite um conselho, cada um de vós terá de aprender a aceitar a perda que sofreu... E aceitar que cada um levará o seu tempo até isso acontecer e reagirá de forma diferente até que esse momento venha...
(Com alguma ironia) O seu conselho é fácil de perceber, mas difícil de pôr em prática...
DR. GOMES
É para isso que podem contar com a minha ajuda...
(Emocionada, elevando o tom de voz) Mas como é que havemos de aceitar uma brutalidade como a que nos atingiu?! Como Vamos viver até conseguirmos aceitar?!
DR. GOMES
(Sorrindo com ternura) Um dia de cada vez... Procurando deixar para trás o que não se pode recuperar e retendo aquilo que vale a pena...
(Com tristeza) Um dia de cada vez... (Pausa breve) Um dia é um século, naquela casa... (Sorrindo com ironia) por isso que nós os três temos envelhecido tanto... Até o Jorge!
DR. GOMES
Envelhecer não é assim tão mau, desde que, ao mesmo tempo, se vá crescendo... E eu acredito que têm crescido. Todos! São todos sobreviventes de uma tragédia e isso prova que têm energia para continuar a lutar.
BE
(Sorrindo com tristeza) De facto, sobrevivemos todos... (Suspira longamente.) Nem sei como! (Pausa breve) Só o Lucas não sobreviveu à morte da Joana...
DR. GOMES
(Intrigado) O... Lucas?!
Era o cão da Joana. (Sorrindo com ternura) A minha filha apareceu, um dia, com ele, todo sujo, esquelético, faminto... Eu confesso que não o queria lá em casa, mas a Joana insistiu tanto!... Na verdade, dedicou-se a ele como se o tivesse desde sempre! (Pausa breve) E o cão, de facto, era-lhe muito chegado. Queria ir com ela para todo o lado...
DR. GOMES
(Sorrindo) Os cães costumam ser assim com quem lhes quer bem, com quem lhes dá atenção...
Pois é... E o pobre do Lucas não resistiu às saudades... (Pesarosa) Deixou de comer... Já nem queria sair à rua... Deixou-se abater por completo. Até me fez impressão! (Pausa breve; suspira.) Sabe, chego a pensar que o Lucas era o único amigo da Joana, o seu único amigo verdadeiro. Os outros...



A Mila brindou-nos com a sua interpretação e arranjo das Obras Completas de António Patrício:


Xana J., trouxe-nos um exercício de dicção. Articulação de sílabas:




A obra do mestre António e seus pupilos:



Ao cair do pano celebrou-se mais uma magnifica sessão do LEA

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Maratona de Leitura

Vai decorrer na Biblioteca Escolar da Escola D. Manuel I em Alcochete, nos próximos dias 25 e 26 de outubro, entre as 8h30 e as 17h30 uma maratona de leitura.

Alireza Darvish

Quem quiser ir ler, pode inscrever-se através do tel. 212 348 730 ou do email bemanelito@gmail.com