segunda-feira, 3 de junho de 2013

CLEVA

SIGAM                           a-ler-em-voz-alta

AS

NOSSAS 

ACTIVIDADES

NO CLEVA

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Próxima sessão: 2013.05.07 (TERÇA-FEIRA)

Continuação dos ensaios para o RCL




terça-feira, 26 de março de 2013

Próxima sessão: 2013.04.09






Tema Livre (textos com duração máxima de 3 minutos)
e Ensaios para o RCL

2013.03.26 - TEATRO - SEGUNDO ACTO


A Rosa, a Helena Policarpo e o António Soares, leram, de Fernando Pessoa:


O Mostrengo

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

Pelas vozes da Mila e da Mariana, ouvimos

Pela luz dos olhos teus, de Vinicius de Moraes, espreitem o video de Tom Jobim e Miucha


Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar

Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.


Vitória e Lena Pinto leram

ASAS

Nós nascemos para ter asas, meus amigos.
Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós
nascemos para ter asas.
No entanto, em épocas remotas, vieram com dedos
pesados de ferrugem para gastar as nossas asas como
se gastam tostões.
Cortaram-nos as asas para que fôssemos apenas
operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores ingénuos
de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca.
Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas
transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem
mesmo depois de cortadas, e, novamente cortadas,
de novo voltam a ser.
Aceitemos esta hipótese, apesar não termos dela
qualquer confirmação prática.
Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.

José Fanha

Dito por Ana Maria e António Gil




Senhora, partem tam tristes
Meus olhos por vós, meu bem,
Que nunca tam tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.

Tam tristes, tam saudosos,
Tam doentes da partida,
Tam cansados, tam chorosos,
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.

Partem tam tristes os tristes
Tam fora d’esperar bem,
Que nunca tam tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.


JOÃO ROIZ DE CASTELO BRANCO
de Os dias do amor, Ed. Ministério dos livros

E o fabuloso texto de Miguel Esteves Cardoso, lido pela Alexandra Justino e pelo Vasco


O Engraxanço e o Culambismo Português

Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele.
Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá-los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia.
Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço». Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alunos engraxavam os professores,os jornalistas engraxavam os ministros, as donas de casa engraxavam os médicos da caixa, etc... Mesmo assim, eram raros os portugueses com feitio para passar graxa. Havia poucos engraxadores. Diga-se porém, em abono da verdade, que os poucos que havia engraxavam imenso.
Nesse tempo, «engraxar» era uma actividade socialmente menosprezada. O menino que engraxasse a professora tinha de enfrentar depois o escárnio da turma. O colunista que tecesse um grande elogio ao Presidente do Conselho era ostracizado pelos colegas.Ninguém gostava de um engraxador.

Hoje tudo isso mudou. O engraxanço evoluiu ao ponto de tornar-se irreconhecível. Foi-se subindo na escala de subserviência, dos sapatos até ao cu. O engraxador foi promovido a lambe-botas e o lambe-botas a lambe-cu. Não é preciso realçar a diferença, em termos de subordinação hierárquica e flexibilidade de movimentos, entre engraxar uns sapatos e lamber um cu. Para fazer face à crescente popularidade do desporto, importaram-se dos Estados Unidos, campeão do mundo na modalidade, as regras e os estatutos da American Federation of Ass-licking and Brown-nosing.Os praticantes portugueses puderam assim esquecer os tempos amadores do engraxanço e aperfeiçoarem-se no desenvolvimento profissional do Culambismo.

(...) Tudo isto teria graça se os culambistas portugueses fossem tão mal tratados e sucedidos como os engraxadores de outrora. O pior é que a nossa sociedade não só aceita o culambismo como forma prática de subir na vida, como começa a exigi-lo como habilitação profissional. O culambismo compensa. Sobreviver sem um mínimo de conhecimentos de culambismo é hoje tão difícil como vencer na vida sem saber falar inglês.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

E continuaram os ensaios do RCL




terça-feira, 12 de março de 2013

Próxima sessão: 2013.03.26



TEATRO
    THEATRE
           ΘΕΑΤΡΟ
              THEATER
                   ANTZERKIA
                              TEATRE
                                              TEATER


Tema Teatro (continuação dos trabalhos iniciados em 12MAR)
e Ensaios para o RCL


Responsável pela sessão

Ainda e sempre a Alexandra Justino

2013.02.12 - TEATRO - PRIMEIRO ACTO

Nesta sessão liderada pela Alexandra Justino, tivemos o primeiro acto da peça por ela idealizada.

Brindou-nos com "O Actor", de Herberto Helder


Intro
O actor acende a boca. Depois os cabelos.  
Finge as suas caras nas poças interiores.
O actor pôe e tira a cabeça
de búfalo.
De veado.
De rinoceronte.
Põe flores nos cornos.
Ninguém ama tão desalmadamente
como o actor.
O actor acende os pés e as mãos.
Fala devagar.
Parece que se difunde aos bocados.
Bocado estrela.
Bocado janela para fora.
Outro bocado gruta para dentro.
O actor toma as coisas para deitar fogo
ao pequeno talento humano.



Apenas um texto foi lido depois de trabalhado pelo António Soares e pelo João:


Em Todas as Ruas te Encontro

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto    tão perto    tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny, in "Pena Capital"

O segundo acto que se irá realizar no próximo dia 26 de Março, promete!

Entretanto continuaram os nossos ensaios para o RCL de 18 de Maio de 2013, aqui fica um aperitivo em imagens.



domingo, 10 de março de 2013

Próxima sessão: 2013.03.12




Tema Teatro
e Ensaios para o RCL


Responsável pela sessão

Alexandra Justino

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Próxima sessão: 2013.02.26

Tema Teatro


Responsável pela sessão

Alexandra Justino

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

2013.02.12 - Carnaval

E foi mesmo um Carnaval






Fernando, trouxe:

Excerto de "A tabacaria" de Álvaro de Campos

(...)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para àquem do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
(...)



O poema completo


A Helena Policarpo e o António Soares, leram




A FELICIDADE
Vinícios de Morais

Tristeza não tem fim,
Felicidade sim.

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar.
Voa tão leve
Mas tem a vida breve,
Precisa que haja vento sem parar.

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do Carnaval.
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou de jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira.

Tristeza não tem fim,
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor.
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor.


A felicidade é uma coisa boa
Mas tão delicada também.
Tem flores e amores
De todas as cores,
Tem ninhos de passarinhos,
Tudo de bom ela tem.
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem.

Tristeza não tem fim,
Felicidade sim.

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor.

O João leu


Sonho de um Carnaval
Chico Buarque

Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta-feira sempre desce o pano

Carnaval, desengano
Essa morena me deixou sonhando
Mão na mão, pé no chão
E hoje nem lembra não
Quarta-feira sempre desce o pano

Era uma canção, um só cordão
E uma vontade
De tomar a mão
De cada irmão pela cidade

No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança



Uma excerto da interpretação teatral da Alexandra Justino, com o texto completo em Link, Máscaras de  Menotto del Picchia



COLOMBINA  com ternura: 

     Como te amo, Pierrot... 

      
    ARLEQUIM 

      E a mim, cujo desejo te abriu o coração com a chave do meu beijo? A tua alma era como a Bela Adormecida: o meu beijo a acordou para a glória da vida! 

    CALOMBINA  fascinada: 

   Como te amo, Arlequim!... 

      PIERROT 

     desvairado pelo ciúme, apertando-lhe os pulsos,  
     numa voz estrangulada:  

      A incerteza que esvoaça desgraça muito mais do que a própria desgraça. Escolhe entre nós dois... Bendiremos os fados sabendo o que é feliz, entre dois desgraçados! 

      ARLEQUIM 

Dize: Queres-me bem? 

      PIERROT: 

   Fala: gostas de mim? 

     COLOMBINA, hesitante: 

 A Pierrot: 

  Eu amo-te , Pierrot... 

      A Arlequim: 

       ... Desejo-te, Arlequim... 

    ARLEQUIM, soturnamente: 

A vida é singular! Bem ridícula, em suma... Uma só, ama dois... e dois amam só uma!.. 

   COLOMBINA , sorrindo e tomando ambos pela mão: 

Não! Não me compreendeis... Ouvi, atentos, pois meu amor se compõe do amor de todos dois... Hesitante, entre vós, o coração balanço:  
  

   A Arlequim: 

O teu beijo é tão quente...                         

        A Pierrot: 

       O teu sonho é tão manso... 

Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a Arlequim meu corpo e a Pierrot a minh’alma!  Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!  
Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra!  
Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão do amor está na variedade...  
Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente,  
porque a história do amor pode escrever-se assim:  

    PIERROT  
Um sonho de Pierrot... 

    ARLEQUIM  
       
     E um beijo de Arlequim! 

A Alexandra Ferreira, trouxe cheiros do Carnaval do Brasil, aqui fica a lembrança



O António Gil e a Ana Maria leram:

“A Viagem de Théo” - Catherine Clément – Edições ASA - 1999



No confortável camarote do comandante Silva, o almoço esperava. Logo desde as entradas, Théo atacou.
- Parece que o teu primo é brasileiro de gema...
- Brutus? - espantou-se o comandante. - quem é que te disse?
- A tia Marthe, quem havia de ser? Porquê?
O comandante deu uma gargalhada. Brutus era brasileiro; portanto, não era «de gema», porque a expressão não tinha nenhum significado no Brasil. É certo que tinha um nome português, Silva, ao qual um belo dia se tinha vindo juntar um «Carneiro» que soava bem. Os arquivos portugueses da família atestavam, de facto, que um Silva havia emigrado para o Brasil no tempo das caravelas, depois nada mais se sabia do ramo americano. Produto de um casamento entre a genealogia portuguesa e uma bela Greta de família alemã emigrada no início do século XX, o primo Brutus afirmava que tinha sangue índio nas veias na sequência de uma ligação entre um antepassado seu e uma princesa de uma tribo, como Pocahontas. Porque ter sangue índio era chique no Brasil: descender de um indígena provava uma mestiçagem de alto nível entre o conquistador branco e o índio na sua dignidade de primeiro habitante do país. Mas o primo Brutus evitava explicar de onde lhe vinham os cabelos encarapinhados e a boca carnuda, porque no Brasil, quando se era de boas famí1ias, não se admitia ter sangue negro.
Tenho a certeza de que o antepassado português se apaixonou por uma das suas escravas africanas - concluiu o comandante. - O primo Brutus insiste de tal modo na ausência de qualquer gota africana no sangue que lhe corre nas veias que acaba por provar o contrário!
- Que salganhada - disse Théo. Descender dos índios é melhor? Porquê?
Ah! Porque os índios não eram escravos, bem pelo contrário! É claro que, ao princípio, tinham sido muito maltratados. Mas depois, um missionário de grande coração que se chamava Las Casas apercebera-se, a tempo, de que os seus concidadãos, tão bons católicos, escravizavam os delicados selvagens de coração puro, que não resistiam aos trabalhos forçados e morriam às centenas. Decidido a travar o genocídio cometido pelos seus compatriotas e consciente de que a caridade de Jesus não estava a ser praticada, o excelente Las Casas teve uma ideia de génio: convenceu o soberano a substituir os índios por escravos negros, mais sólidos, mais bem adaptados ao duro trabalho das colónias. De boas intenções está o inferno cheio e Las Casas não previra o deslocamento, para outras paragens, do genocídio que depois veio a denunciar em vão. Foi assim, a partir da perversão de uma ideia generosa, que começou o tráfico dos negros entre a Europa e a América.
- Mas os portugueses foram para a cama com as escravas africanas que tinham? - disse Théo.
E não só! A colonização portuguesa assentava num principio simples: tomar
mulher no local onde se desembarcava. No Brasil, havia portanto mestiços de negros e brancos, de negros e índios, de índios e brancos. E as religiões tinham-se misturado por intermédio das mulheres. Às índias, os brasileiros tinham ido buscar os deuses animais das florestas, o Curupira, génio dos bosques com dentes verdes, a extravagante Caipora fumadora de cachimbo e que cavalga nua um porco do mato, ou o Boro vermelho do rio Amazonas, um golfinho sedutor que engravidava as mulheres. De África, as brasileiras haviam herdado os deuses encolhidos nos porões dos navios negreiros, um panteão vindo do amigo reino de Daomé, hoje Benim. Obrigados a baptizarem-se, os escravos africanos fixaram o culto dos santos católicos, que caldearam alegremente com os seus próprios deuses. De tal modo que as religiões do Brasil formavam um carnaval desenfreado em que a dança e os tambores dominavam, que o mesmo é dizer a poderosa África.
- O batuque, tia Marthe! exclamou Théo. - Fixe!
Sim, o batuque. Assim recomeçara a lenta reconquista de África pelos escravos africanos. Os senhores eram implacáveis mas bons economistas. Ora, os escravos suicidavam-se engolindo terra: não era rentável. Para evitar tais prejuízos, os senhores autorizaram os escravos a bater nos tambores. Começaram os batuques: todos os tambores de África reunidos. Os deuses saíram das memórias escondidas com as línguas africanas. Depois surgiram secretamente os altares e as cerimónias clandestinas, hoje oficiais. Um dia dos idos de 1870, os africanos desceram as colinas do Rio e invadiram a cidade com os tambores. Foi o primeiro Carnaval.
Carnavais e procissões religiosas, tinha-as havido faustosas em Portugal. Para além do clero paramentado, desfilavam santos, diabos, imperadores, reis e rainhas, ferreiros, macacos, Vénus, Baco, São Sebastião crivado de flechas, São Pedro, São Tiago e Abraão. Essas loucas procissões emigraram com os portugueses. Os africanos adoptaram os reis e as rainhas, bordaram nos seus estandartes os totens, depois os distintivos sindicais e inflamaram o Carnaval com as suas danças e os seus tambores. As escolas de samba floresceram, o Carnaval brasileiro tornou-se célebre. A África ressuscitou pouco a pouco, de tal modo que converteu os brancos: eram inúmeros a partilhar os cultos africanos do Brasil. E quando não eram adeptos da África, voltavam-se para os índios, a quem iam buscar as plumas e os símbolos.
- Os índios legaram aos brasileiros as redes de descanso, o milho, o tabaco, as bolas de borracha e o costume de tomar banho nos rios - acrescentou a tia Marthe.
- E os africanos, o óleo de palma, o cafuné, o picante, os turbantes, os berloques, as contas de vidro! - disse o comandante Silva. - Sem esquecer a influência dos africanos muçulmanos. É por isso que o Brasil me agrada. Sentimo-nos no entroncamento do mundo...
- Diga ao Théo qual é a divisa que está escrita na bandeira do Brasil - sugeriu a tia Marthe.
- Tem razão. Num país onde se confundem desordenadamente o índio, o negro e o branco, a divisa brasileira afirma nobremente: «Ordem e Progresso».
- Sabes de onde vem, Théo? - perguntou a tia Marthe. - De uma espécie de religião inventada por um filósofo francês do século XIX, Auguste Comte. Às religiões de Deus, ele decidira contrapor a da Humanidade, que baptizou com o nome de «positivismo». Eram positivas as Ciências da sociedade, rigorosamente mantidas pelo encadeamento dos factos. Depois redigiu um Catecismo Positivista...
- Catecismo? espantou-se Théo. - E por que não um culto, já agora...
- Mas foi o que ele fez! Com um calendário que festejava Moisés, Carlos Magno, Descartes, o Proletariado e as Mulheres... Os fundadores da República do Brasil eram fervorosos discípulos de Auguste Comte: daí a divisa. Ainda se vêem no Brasil templos positivistas.
- Mais uma religião - concluiu Théo.
- Sem esquecer a saudade proferiu o comandante. - Um estranho sentimento um pouco triste, um pouco alegre, confiante e desesperado. Se não é uma religião, é um culto.
- O samba também - disse a tia Marthe.
- Vou gostar - disse Théo. - Mas o que é que vamos ver?
- Ah! Isso é um mistério... respondeu ele. - Mas os tambores estão garantidos.

A Cristina brindou-nos com mais um magnífica proeza trazendo-nos um texto de Clarice Lispector

Restos do Carnaval do livro Felicidade Clandestina


.
Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.
E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.
Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.
Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - àidéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.

E a Vitória leu: JÚLIO DINIS, Uma Família Inglesa, cap. III (excertos)



Na Águia de Ouro

Era uma das últimas noites do Carnaval de 1855.
Havia menos estrelas no céu do que máscaras nas ruas. Fevereiro, esse mês inconstante como uma mulher nervosa, estava nos seus momentos de mau humor, o folgazão Entrudo ria-se de tais severidades e dançava ao som do vento e da chuva, e sob o dossel de nuvens negras que se levantavam do Sul. Graças à cheia do Douro, a cidade baixa podia bem prestar-se naquela época a uma paródia do Carnaval veneziano.
À porta dos teatros apinhava-se a multidão. (…)
Numerosos grupos de espectadores paravam diante das exposições de máscaras à venda e tornavam o trânsito naquelas ruas quase impraticável (…)
A animação era geral na cidade
Todos corriam com ânsia... a enfastiarem-se, fingindo que se divertiam.
Alguma coisa também na Águia de Ouro, a anciã das nossas casas de pasto, a velha confidente de quase todos os segredos políticos, particulares e artísticos desta terra; alguma coisa havia nesta modesta casa amarela do Largo da Batalha, que desviava para lá os olhares de quem passava.(…)
Sob aparências de modéstia, a Águia de Ouro parecia desta vez aureolada de não sei que majestade, condigna do seu emblema.

Foi assim, desta forma que a Mariana falou seriamente sobre o carnaval,




E terminamos com mais uma iguaria que a Cristina nos ofereceu (Laranja e Chocolate!)

Salivem!





segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Próxima sessão: 2013.02.12

Tema Carnaval


Responsável pela sessão

Vitória



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

2013 - Sessões de Janeiro



Terça-feira, dia 15
Tema: Alcochete
(Dia de celebração da restauração do Município)


Responsável pela sessão: João Morais





Terça-feira, dia 29
Tema: Estado Zen


Responsável pela sessão: Cármen






LUZ

Sessão de 27-11-2012
Tema Luz




Responsável:  Mila




António Gil

O Mistério da Vela
Um ioguim vivia numa casinha nos subúrbios de uma cidade. Ao cair da noite,
saia para o campo e sentava-se a ler as escrituras com uma candeia de azeite,
deixando antes uma vela acesa no chão, a uma curta distancia de si. As
gentes da localidade começaram a ficar intrigadas com aquele ritual que se
repetia noite após noite. Que misterioso significado teria o acender aquela vela
a tão curta distancia? Que tipo de ritual estaria a pôr em prática aquele
ioguim? Será que tudo aquilo era necessário para recitar os textos sagrados?
Seria um ritual mágico? Todos comentavam entre si e tudo eram suposições e
conjecturas, mas ninguém sabia ao certo por que todas as noites o ioguim se
servia da candeia de azeite para ler e acendia uma vela perto de onde se
encontrava. Pessoas das aldeias mais próximas começaram a ir até lá para ver
o ioguim misterioso. Debatiam todo o tipo de hipóteses e espalharam-se toda
a sorte de rumores. Para alguns era um grande mágico, para outros, um
desperto vivo. Para muitos, estava a fazer práticas especiais para guiar a
mente até ao transe, e para outros ainda, tratavam-se de rituais para
despertar as forças sobrenaturais. Havia opiniões para todos os gostos. O
ioguim inspirava tanta curiosidade naqueles que o contemplavam, que cada
dia eram mais e mais, que decidiram organizar uma comitiva para ir falar com
ele e perguntar-lhe a razão do que fazia. Assim, certa noite, o alcaide da
localidade e várias pessoas interromperam o ioguim na sua leitura dos textos
sagrados para lhe perguntar:
- Senhor, pelo amor de Shiva, rogamos-lhe que nos esclareça por que acende
uma vela perto de si enquanto lê à luz da candeia. É alguma cerimónia
sagrada, um ritual mágico, uma técnica especial para treinar e mente, um
sortilégio antigo?
O ioguim sorriu com um ar entre o compassivo e o irónico, e disse:
- Ponho essa vela para que as traças e os mosquitos sejam atraídos para a sua
luz e não me incomodem tanto. Nada mais, boa gente.
Numa ocasião, Buda reuniu os seus discípulos e deu-lhes um sermão muito
breve, seguramente um dos mais breves e, no entanto, um dos mais
significativos que alguma vez transmitiu um mestre.
Limitou-se a dizer-lhes: “Venham e vejam”. Não lhes disse “venham e
julguem”, ou “venham e interpretem”, ou “venham e suponham”, ou ainda
“venham e façam conjecturas”. Não, simplesmente “venham e vejam”. Vejam
o que é; liguem-se com o que há. Não com o que esperamos ou tememos ver,
ou queremos imaginar que é, ou vemos através dos nossos filtros e do nosso
condicionamento.
Apenas: vem e olha.
*Ramiro Calle – Os melhores contos espirituais do Oriente – a esfera dos livros – Maio 2006















Texto da Helena Policarpo

BEIRA-MAR
(Sofia de Mello Breyner Andersen - Outubro de 1997)

Mitológica luz da beira-mar
A maré alta sete vezes cresce
Sete vezes decresce o seu inchar
E a métrica de um verso a determina
Crianças brincam nas ondas pequeninas
E com elas em brandíssimo espraiar
Em volutas e crinas brinca o mar








Texto da Helena Policarpo e do António Soares.

RESPOSTA NA TARDE ESCURA
(Crónica de Batista Bastos no Diário de Notícias de 21/11/2012)


Não me apetece escrever sobre estes tipos. Digo à Isaura. 
Não escrevas, sempre fizeste o que te apeteceu, diz ela. Não é bem assim, digo. Estamos na sala, por detrás dos vidros um pouco embaciados, e a chuva toca-os de leve. A tarde está escura e começam a acender-se as primeiras luzes, na rua e nos prédios.
Anoitece muito cedo; tarde escura, suja, como o País, escuro, sujo, nocturno e triste. Olho-a. Ela mantém-se aparentemente alheada, mas não o está. Sempre muito atenta, mesmo quando parece suspensa. Sorri agora. Conheço-a desde que ambos éramos novos e tínhamos a idade daquele nosso mundo. Eu estava desempregado, coisas da política, e metera-me noutras. Ela sabia de tudo e andávamos de mãos dadas, sem receio e alegres.
Sempre fizeste o que te apeteceu, repete. Como os nossos filhos, obstinados e recalcitrantes. Mas ganhei, penso. Os outros julgam que não, que perdi, mas a verdade é que foram eles os vencidos, estão lá, impantes e brunidos, porem vencidos. Mereceu a pena tanta luta, tanto desafio, tanto perigo, vertigem e desatino para chegarmos a isto? A Isaura não o diz: observa-me e afaga-me no rosto e na cabeça. Não é preciso mais nada.
Põe os pés na terra; voas em excesso e sonhas em demasia, dizes-me, frequentemente, mas sem me recriminar. Agora jó não tanto, mas houve vezes em que me esquecia de ter dinheiro, da carteira, e tu colocavas-me alguns trocos nos bolsos. Aqui há tempos, descobri, no bolsinho da lapela, uma nota velha de vinte escudos. Rimo-nos. Ainda sobrava um pouco, apesar de tudo. Nada de amolgar a esperança. A principal virtude da vida é ela estar sempre em acrescento, e nada, mas nada mesmo, é definitivo. Atrás de tempos, tempos virão.
Está bem: mas os anos não param, nem sequer um bocadinho. E eu sinto-me envelhecer. E estou na idade do condor; com dor aqui, com dor ali, com dor acolá. Ora, ora, os anos são somente números. Um dia, li que a vida feliz é, ao mesmo tempo, longa e breve. Até falámos nisso, recordo-me bem, tinhas sido operado a uma chatice grave, a família estava preocupada, e tu, antes de entrar no bloco operatório, piscaste-me o olho e disseste: quero arroz de polvo para o jantar.
Mas sabíamos para aonde íamos. Isso dizes tu agora. Nunca ninguém sabe para onde vai. Sobretudo os da nossa condição. Os processos de demolição da consciência humana são cíclicos. Ora, ora. Ora, ora, não. As coisas são o que são e são mesmo assim. Mesmo nas épocas mais infelizes , citavas Hemingway. “O homem não nasceu para a derrota. O homem pode ser vencido, mas nunca destruído.” Olha, tocaram à campaínha da porta. Esqueci-me de te dizer que os nossos netos vêm aí com os pais.
Estão jubilosos. Nota-se pelo brilho nos olhos. Ele endireitou os ombros que haviam descaído. Ela ajeitou o cabelo com as mãos. Caminham para a porta.        











Vitória

Vinicius de Moraes : Pela luz dos olhos teus

Letra e música: Vinicius de Moraes
versos de segunda
Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar

Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.








Por fim, há hábitos do "clube de leitura" que não se dão por esquecidos:
- Petiscar.