quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Próxima sessão: 2012.09.25

Próxima sessão

TEMA:  LIBERDADE

Responsável pela sessão: MARIANA


terça-feira, 11 de setembro de 2012

2012.09.11 - Sonhos

A Paula iniciou a sessão com O fabuloso "O mascate de Swaffham" no original "The pedlar of Swaffham"


Fica aqui uma versão em inglês e uma tradução em português do Brazil

O Henrique leu uma das 365 melhores fábulas de José Jorge Letria

Alexandra Justino e Vitória leram, de Herberto Heldér


Gato dormindo debaixo de um pimenteiro: gato amarelo folhas verdíssimas pimentos vermelhos: sono redondo: sombras pequenas de pimentos vermelhos no sono do gato: folhas sombrias dentro do amarelo: pimentos dormindo num gato vermelho:  verdes redondos no sono do pimenteiro: o amarelo: da cabeça do gato nascem pimentos verdíssimos de sono: sono vermelho:  sombras amarelas no gato redondo de sono verdissímo debaixo de um pimenteiro amarelo: a sombra do gato dando folhas redondas sonhando amarelo sobre dormindo os pimentos: água: secura sombria do gato vermelho: o sonho da água dorme no pimenteiro: a sombra da cal das paredes  secas dorme no gato de água amarela: a cal dá pimentos que sonham nas folhas do gato: o sono da Cal dá sombras redondas no gato enrolado no vermelho: a água é uma sombra o gato é uma folha o sono é um pimenteiro: a cal é o verdíssimo do sono seco dando sombra no amarelo: pimenteiro redondo: pimentos de cal enrolados no sonho do silêncio amarelo: o silêncio dá gatos que sonham pimentos que dão sono na Cal que dá sombra nas folhas que dão água na secura do tempo vermelho: o tempo enrola-se debaixo da cabeça do pimenteiro  que se enrola no gato de cal do sono amarelo: o sono de dentro dos pimentos debaixo do redondo verdíssimo enrolado no sonho: e dorme o pimenteiro com as sombras do gato redondo enrolando-se nas folhas: silêncio de sonho sono de tempo: tudo amarelo: noite do pimenteiro sono da cal folhas do gato sonho das sombras do verdíssimo vermelho: secura da noite: noite do gato na noite da cal com a noite das folhas dentro da noite do verdíssimo debaixo da noite do sonho diante da noite do pimenteiro após a noite da água conforme a noite debaixo com a noite enrolada contra a noite do amarelo desde a noite das sombras consoante a noite redonda para a noite de dentro durante a noite do vermelho detrás da noite dos tempos debaixo da noite sem à frente do com da noite conforme a noite conforme: a noite dos tempos: um gato de dentro desaparecendo num pimenteiro: pimenteiro desaparecendo: a cal morrendo no sonho das folhas pequenas: O silêncio de tudo no mundo inteiro:

A Helena Pinto trouxe uma nova versão do original de John Lennon.


IMAGINE

Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people living life in peace

You, you may say
I'm a dreamer, but I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people sharing all the world

You, you may say
I'm a dreamer, but I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will live as one

John Lennon

O Video

IMAGINEM

Imaginem que não há paraíso…
É fácil. É só tentar.
Nada de inferno abaixo de nós.
Por cima, apenas o céu.
Imaginem toda a gente vivendo cada dia.

Imaginem que não há fronteiras.
Não é difícil consegui-lo.
Nada pelo que morrer ou matar,
Nem mesmo pela religião.
Imaginem toda a gente convivendo em paz.

Podem dizer:
É um sonho. Mas não estou só, ao sonhar.
Quando um dia se juntarem a nós,
O mundo um só será.

Imaginem que não há posse.
Será que podem entender?
Não haver ganância ou fome,
Apenas fraternidade.
Imaginem toda a gente partilhando a Terra.

Podem dizer:
É um sonho. Mas não estou só, ao sonhar.
Quando um dia se juntarem a nós,
O mundo como um só viverá

Adaptação para português

A Cristina brindou-nos com mais uma interpretação magistral:


CONSELHO

Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois,onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são os mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não nada.

Faze canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde és teu,e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.

Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém; que veja e fite,possa
Saber mais que um jardim de quen tu és-
Um jardim mais ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...

FERNANDO PESSOA

Helena Policarpo:

Na minha pesquisa para satisfação do tema de hoje, surgiu-me um título que sugeria referir-se a um “sonho”.
     De facto não o era, no entanto era para mim um “texto de sonho”.
     Resolvi assim adoptá-lo, e ele é:

A visita do príncipe”.
     “Dádiva” de  Eugénio de Andrade

Não sei nunca o me trazem as palavras, elas gostam 
tanto de me surpreender. Hoje ao levantar da névoa trouxeram-me a casa sobre o rio, o terraço escassamente iluminado por um lampião que balançava ao vento, o pequeno sapo que todas as noites, rente ao muro, se ia aproximando, depositário de tudo o que nesse tempo em mim se confundia com a ternura. Pequeno príncipe da vadiagem, por ali se quedava sem outro ofício que não fosse o de receber alguma carícia, só depois regressando por entre a humidade das pedras aos pântanos da sombra, a noite inteira nos olhos desmedidos. 

António Soares:

 ÁLVARO DE CAMPOS
Poesia, “talvez não seja mais do que o meu sonho”,
de 25 de Janeiro de 1929.


Talvez não seja mais do que o meu sonho….
Esse sorriso será para outro, ou a propósito de outro,
Loura débil…
Esse olhar para mim casual como um calendário…
Esse agradecer-me quando a não deixei cair do eléctrico
Um agradecimento…
Perfeitamente…
Gosto de lhe ouvir em sonho o seguimento que não houve
De conversas que não chegou a haver,
Há gente que nunca é adulta sem.!
Creio mesmo que pouca gente chega a ser adulta - pouca -
E a que chega a ser adulta de facto morre sem dar por nada.

Loura débil, figura de inglesa absolutamente portuguesa,
Cada vez que te encontro lembro-me dos versos que esqueci…
É claro que não me importo nada contigo
Nem me lembro de te ter esquecido senão quando te vejo,
Mas o encontrar-te dá som ao dia e ao desleixo
Uma poesia de superfície,
Uma coisa a mais no a menos da improficuidade da vida…
Loura débil, feliz porqur não és inteiramente real,
Porque nada que vale a pena ser lembrado é inteiramente real,
E nada que vale a pena ser real vale a pena.

A Mariana trouxe de António Gedeão, desfrutem da versão de Manuel Freire
  
Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
In Movimento Perpétuo, 1956


O João trouxe um excerto de "A Fúria das Vinhas", de Francisco Moita Flores e o sonho da Ferreirinha


"Sonhos Democratas", de sua autoria, foi nos trazido pelo Vasco,


Ingredientes para 20 sonhos:
125 ml de taxas
125 ml de impostos
50g de luvas
Uma casca de Ministro
Uma pitada de Presidente
150g de Deputados
4 Tribunais
Dinheiro para fritar
Futebol q.b.
Novelas em pó q.b.
Preparação:
1. Num tacho, leve ao lume as taxas, e os impostos, a casca de Ministro, a pitada de Presidente e as luvas.
Deixe ferver!
Logo que comece a ferver, junte os Deputados de uma só vez e mexa muito bem até formar uma bola que descole do fundo do tacho.
Depois da bola de massa formada, coloque numa tigela, retire a casca de Ministro e deixe arrefecer um pouco.
Dê preferência a massa formada por equivalências.
2. Junte os Tribunais um a um e mexa muito bem com a colher de pau entre cada adição.
Mexa até a massa ficar homogénea.
3. Com a ajuda de dois Partidos, faça bolas de massa, não muito grandes pois o seu volume irá triplicar.
Frite em dinheiro quente, mantendo sempre o lume brando.
Pique os sonhos de vez em quando com um garfo ou palito.
Deixe fritar até triplicarem de tamanho e ficarem gordinhos.
Depois de fritos, retire-os para um prato com papel absorvente.
4. Entretanto misture o Futebol com as Novelas a gosto.
Depois de fritos passe os sonhos pela mistura do Futebol e Novelas e coloque-os numa travessa.
Prontos para se servirem?

Bom Apetite!!!

Também da autoria da Carmen, do Livro POIESIS - Vol. III, da editorial Minerva, ano 2000




A Alexandra Ferreira trouxe um excerto de "A rapariga e o sonho", de Luísa Dacosta

Da autoria de Chico Buarque a Mila leu "Sonho Impossível"

O conto tradicional português "Tia Miséria", foi recordado pela Delfina

O Daniel trouxe "Versos de fazer ó-ó", de José Jorge Letria

A Helena Machado finalizou com Augusto Cury - "Os sonhos alimentam a vida" - Nunca desista dos seus sonhos.