terça-feira, 21 de agosto de 2012

Próxima sessão: 2012.09.11




2012.08.21 - Açores

Xana Justino
*Portas da Ilha Maior*
in "Pico", Manuel Alegre , 1997




Pode escrever-se um poema com basalto
com pedra negra e vinha sobre a lava
com incenso mistérios criptomérias
e um grande Pico dentro da palavra.
Ou talvez com gaivotas e cigarros
cigarras do silêncio que se trilha
sílaba a sílaba até ao poema que está escrito
lá em cima no Pico sobre a ilha.*



Helena Policarpo e António Soares
Festas populares dos Açores
de Francisco Ernesto de Oliveira Martins.








No culto popular do Espírito Santo, os mestres de cerimónias tocam e cantam  as alvoradas como esta de autor desconhecido, na Ilha das Flores:

Passou pela minha porta,
Às minhas terras foi caçar,
Matou-me as minhas pombinhas,
Que eu tinha no meu pomar,
Matou-as de uma a uma,
Juntou-m’as de par em par,
Matou-me as mais bonitas,
Para mais pena me dar.
Fui eu ter com el-rei,
Que m’as mandasse pagar
El-rei, por eu ser mulher,
Não me quis escutar.
El-rei que não faz justiça,
Não devia governar,
Nem comer pão do Alentejo,
Nem co’a rainha falar,
Desta sorte se castiga a quem não sabe reinar.

Introdução (excertos)

As festas populares dos Açores vieram de Portugal e Espanha, e por intermédio destes dois países do mundo inteiro, porque o folclore - a cultura popular - é universal e não tem idade.
É a presença da alma popular, séculos depois, num gesto, numa forma de representar, dançar, que faz reviver os nossos antepassados de outros tempos e de diversos lugares do mundo.
Dentro do conceito da alma popular, o elemento principal é a tradição, que lhe dá autenticidade e alma. Folclore é a cultura popular tornada lei pela tradição.
A cultura tem dois aspectos: a popular e a adquirida nas escolas e universidades. A primeira é a que a própria experiência dentro do mundo revela; e a outra é a que os livros acrescentam. Mas a popular é a fundamental nos nossos usos e costumes, existindo sempre uma colaboração desconhecida que vem do passado e das nossas origens.
As festas populares dos Açores estão sempre ligadas às motivações sociorreligiosas, onde se observa um grande conjunto de expressões originárias da linguagem, música, dança teatro, artesanato, culinária, trajo e outras formas que possam significar os motivos das festas, dos cultos, dos rituais, e das práticas devocionais.
Festejar, obsequiar, brincar, venerar os santos, cumprir os rituais que buscam o equilíbrio das forças da Natureza e do Homem ocupam sempre um lugar nos cortejos.
As festas populares dos Açores poderão dividir-se em dois grandes grupos; Ciclos do Espírito Santo e do Touro; e Ciclos do Homem e de Deus. O Espírito Santo é o espírito; o Touro , os bens materiais; e, finalmente, o Homem e Deus.
O Ciclo do Espírito Santo, com a sua origem longínqua em Portugal continental, vai com a nossa emigração até aos Estados Unidos e ao Brasil. É o tempo de pagamento das  promessas e da caridade,
No Ciclo do Touro, percorremos uma longa caminhada, que vai desde a Reconquista cristã da Península até às Cavalhadas, S. João, S. Marcos, indo até ás Touradas, sacrifício ritual do touro, e bodos de leite e carne.
O Ciclo do Homem vem do teatro grego, medieval e vicentino, cuja presença é encontrada nas nossas danças do Entrudo e no teatro popular representado ao ar livre.


Vasco
Açores
de Sophia de Mello Breyner Andresen


Há um intenso orgulho
Na palavra Açor
E em redor das ilhas
O mar é maior

Como num convés
Respiro amplidão
No ar brilha a luz
Da navegação

Mas este convés
É de terra escura
É de lés a lés
Prado agricultura

É de terra lavrada
Por navegadores
E os que no mar pescam
São agricultores

Por isso há nos homens
Aprumo de proa
E não sei que sonho
Em cada pessoa

As casas são brancas
Em luz de pintor
Quem pintou as barras
Afinou a cor

Aqui o antigo
Tem o limpo de novo –
É o mar que traz
Do largo o renovo

É como um convés
De intensa limpeza
Há no ar um brilho
De bruma e de clareza

É convés lavrado
Em plena amplidão
É o mar que traz
As ilhas na mão

Buscamos no mundo
Mar e maravilhas
Deslumbradamente
Surgiram nove ilhas

E foi na Terceira
Com o mar à proa
Que nasceu a mãe
Do poeta pessoa

Em cujo poema
Respira amplidão
E me cerca a luz
Da navegação

Em cujo poema
Como num convés
A limpeza extrema
Luz de lés a lés

Poema onde está
A palavra pura
De um novo cindido
Por tanta aventura

Poema onde está
A palavra extrema
Que une e reconhece

Pois só no poema
Um povo amanhece


Xana Ferreira
O mar dos Açores
de Eduardo Mourato



Cristina
Vitorino Nemésio - Grande homem das letras (excerto)
de Nicha Alvim, ilustrações de Madalena Matoso
Colecção Retratos
Ed. Governo dos Açores

e

Retrato de Vitorino Nemésio
de Odylo Costa Filho in Boletim Cultural, VII Série, Dezembro de 1992,
Ed. Fundação Calouste Gulbenkian



Era um homem das ilhas, dos Açores,
que tocava violão. Tocava bem.
Talvez faltassem todos os rigores
do virtuosismo artístico. Porém

nesse improviso havia tal encanto,
tal à-vontade, que era, na verdade,
como se a gente lhe escutasse um pranto,
um grito, uma alegria, uma saudade...

E havia tanto que aprender com ele!
Era um amigo sem comparação...
Cantava tudo. Até de uma cabrinha

falou num verso... Que poeta aquele!
De repente me vem do coração
a última vez de sua mão na minha.





António Gil
Rosas para Lira (excerto)
de Manuel M C Aguiar (açoriano, actualmente residente em Alcochete)




As personagens estão a estender ou a lavar roupa e é uma professora reformada MARLENE que inicia a apresentação.
- Esta é a minha grande amiga, a Céu Martins. É muito filosófica e sensata.
CÉU - Temos cabeça para pensar, logo podemos filosofar!
MARLENE - O Chico Duarte é o comunista mais ferrenho que eu conheço.
CHICO – Viva Karl Marx! Viva a classe operária!
MARLENE - O José da Rosa é o “Dono do Mundo”, sempre muito bem vestido e não dispensa o seu cachimbo.
JOSÉ - (Faz a saudação, estendendo a mão direita à frente) Viva Salazar!
MARLENE - A Liliana Medeiros só tem olhos para o Chico Duarte.
LILIANA - (Troca olhares com o Chico e derrete-se toda) Viva o Chico Duarte! Isto é que é um homem às direitas!
MARLENE - A Lili Ortins é a “Brasileira” mais atrevida das redondezas.
LILI - (Sotaque abrasileirado. Roda sobre si própria) A minha única preocupação é saber se os gajos têm muita massa... muscular! (indica os músculos) e muita massa. (faz o gesto de muito dinheiro). Estão a entender-me, não estão?
CÉU - A Maria e o Mário Nunes são terceirenses, casados, “beatos falsos” e os maiores mexeriqueiros cá do sitio.
MARIA – (Com sotaque terceirense). Ó Mário, já viste esta desavergonhada? (Benze-se) Loivado seja Deus! A chamar a gente de mexeriqueiros. Nós só queremos é sabê c'mós outros tão, p'ra ajudá-los!
MÁRIO – (Também com sotaque terceirense e ligeiramente efeminado) Àquela! (Benze-se) Loivado seja Deus! Tu gostavas era de ser c’má gente! Assim alegres e divertidos! Viva os toiros! Olé!
CÉU - A Sónia Rodrigues não se rala com nada, para ela está sempre tudo bem.
SÓNIA - (Muito descansada) E para quê viver com preocupações? Esta vida são dois dias! Este mundo não é nosso. A gente morre e fica cá tudo.
CÉU - E esta é a minha amiga Marlene Silva. Professora reformada, foi perseguida pela PIDE e é a mulher mais respeitada da terra! (Para o público). Falta só a personagem mistério. Vocês vão conhecê-la no final da peça.

CENA II
LILIANA - Aquele Chico é a minha perdição (Suspira). Eu bem que tento dar-lhe a Volta à cabeça e ele só tem olhos para a sua “classe Operária”! Mas desistir não faz parte dos meus planos!
MARIA – Àquela! Fazes muito bem! Loivado seja Deus! Pois aquele home na vê outra coisa senão os trabalhadores! Olha que tu não és nada de deitar fora!
SóNIA - Eu cá não estou para me ralar! O meu marido deixou-me o suficiente para eu ir passando os dias, até Nosso Senhor me levar!
LILIANA - Até parece que já estás com os pés para a cova! Deixa-te disso. Temos de conquistar a felicidade a que temos direito!
MARIA - Credo! Olha que tu tás muito virada! (benze-se) Loivado seja Deus! P'róque tu haveras de dá! Olha que Nosso Senhô ainda te castiga, mulhé!
LILIANA - Deixa-te dessas tolices. Se calhar o José Saramago tinha razão. Por tudo e por nada vocês vêm logo com essas beatices de “Nosso Senhor castiga”! Parece que Deus não tem mais nada que fazer senão andar a castigar as pessoas por tudo e por nada!
SÓNIA - Vocês deixem-se de tolices. Parecem rapazes pequenos!
LILIANA - (Para a Sónia) Esta gente que anda sempre a benzer-se, deveria atirar menos “pedras”. Até parecem uns santinhos de pau podre!
MARIA – Àquela. Deixa de mandé bocas que eu entendi muito bem o que tu qués dizer! O que vocês têm é inveja da gente! Que a gente gosta é de toiradas e de festas c’me' dado! (Benze-se) Loivado seja Deus!
SÓNIA - Maria, tem calma! Tu e a Liliana nunca se vão entender. Seria melhor olhares para o espelho que tens lá em casa!
LILIANA - Aquela amostra de homem (imita-o nos jeitos efeminados). Deixa-me rir! Só mesmo vocês os dois beatos falsos, para viverem juntos! Cada um é mais mexeriqueiro do que o outro!
MARIA - Pois fica sabendo c’o mè Mário é um home c’mé dado! Se quiseres eu empresto-te uma noite para te consolares! Julgas que ele é c'mó Chico que na ata nem desata?

Vitória
Nesografias, parte 11

in "Metade da Vida" de Francisco José Viegas
e ainda nos lembrou Ilhas de Bruma





Gostaria de ter uma história de amor nas ilhas
porque teria de ser perfeita, ou quase:
eu mudar-me-ia para o Faial, enquanto fosse tempo,
com pressa de viver. Aos sábados iria a Porto Pim
dormir a sesta, ou à Praia do Almoxarife
buscar recados no canal e ver São Jorge ao longe.
Não sei se seria feliz, mas suponho que ninguém
é profundamente feliz longe das ilhas, da praça
diante do Pico, na Horta. Podia ter uma mesa certa
no Peter, ou no Internacional, ler jornais antigos
que chegaram do continente há muito tempo atrás.
Adormecer, enfim, nos teus braços,
se fosse contigo essa história de amor.


João 
Ideias sobre os Açores em forma de acróstico:


A - Atlântico
R - Região
Q- Quental (Antero de)
U- Urzelina (líquen para tinturaria, ver tb. urzela)
I-Insularidade
P- Phállaina (etimologia da palavra baleia em grego)
E - Energia geotérmica
L- Lages
A- Açores (pássaro)
G- Golfinho
O- Oceano

A- Água
C- Cozido
O- Ondas
R- Rural
E- Esbelto
S - Sismo



Lena R.
Corvo (excerto)
in "As ilhas desconhecidas" de Raul Brandão, 1924


Com o povo que regressa todas as tardes da lavoura, vejo os instrumentos de trabalho - os cestos, as cordas, o alvião. E com o povo os animais, as ovelhas, os bois, os burros carregados e os porcos que recolhem às cortes, completam o grande retábulo aberto na pedra do Corvo. Esta pedra brava produz milho, trigo e lã, com que os sustenta e veste, mas a maior parte das terras são no vale do Fojo, numa chã à beira-mar, a duas horas de distância, e as pastagens são ainda mais longe. Todos moram na vila, para fugirem à solidão tremenda, todos trabalham naquela fraga dura como bronze conzelado, nos cantinhos onde a terra se juntou - todos caminham descalços, duas vezes por dia, pelo único caminho áspero que leva ao interior. Vida dura.
- A gente semeia e o vento leva!
O vento é a preocupação constante desta gente.
-Ele é o poder do mundo!
Vida dura para elas, principalmente, que vão todos os dias par as terras de cima, duas léguas de caminho, com o alvião às costas, e que regressam à tarde para fabricar os queijos e cuidar dos filhos. São mulheres activas e espertas. Todas cardam e fiam, e quase todas, num tearzinho rudimentar, fabricam o pano de que se vestem a si e aos homens. E fiam muito bem e tecem muito bem. Toda a roupa da ilha é cortada por suas mãos, e das que não sabem talhar dizem: -Coitadinha, tem pouco préstimo! - Dispõem da chave da caixa. O homem entrega-lhes o dinheiro dos bois e elas governam-no. E quando acontece haver alguma de quem o homem não confia, logo as outras clama num espanto: - Ai Jesus, Maria, José! e ela está com ele!
Ora isto de ter a chave da caixa é uma coisa muito séria na lavoura. A caixa da limpeza, sempre duma madeira dura para não lhe entrar o rato, e no Corvo de cedro petrificado que se encontra no funda da terra, ou de tabuões de naufrágio que dão à costa, é o móvel onde se guardam os melhores panos, as moedas que se juntam tirando-as à boca, as coisas de maior préstimo e valia e as recordações dos mortos. A caixa herda-se. E puída de tantas mãos, é quase sagrada. Já tenho visto lavradores morrerem com os olhos postos na caixa e a chave metida debaixo do travesseiro. Ter a chave da caixa é ter o ceptro e o prestígio. E uma vez entregue à mulher, nunca mais se lhe pode tirar.

Mariana 
Quadras soltas

de Denis Correia Almeida:




Quanto mais lenha no feixe
Mais depressa coze o bolo;
Quanto mais tolo mais peixe,
Quanto mais velho mais tolo.

Sem teres dom ou vocação,
Tiraste à força um curso;
P'ra não te chamarem cão,
Mas já te chamaram urso.

Quando tu passeios dás,
Muitos espelhos encontras,
Olhas p'ró lado e p'ra trás,
Para te veres nas montras.

Ao entrar tiras as botas
P'ra não sujares o tapete;
Foi um treino - mas não notas,
Que te esqueceu o barrete...

Enquanto tiveste bens,
Viviam outros à míngua;
Gastaste; já nada tens,
Só te ficou foi a língua.

Não deve mandar nas Flores
Os candidatos de fora,
Qualquer ilha dos Açores;
Tem dos seus a toda a hora.

O moleiro tira a maquia,
Quando nos mói a moenda;
O camarário a "quantia"
Contributo da fazenda...

Esmola p'ra ser bem feita,
É dada sem ninguém ver;
Entregue co'a mão direita,
Sem a esquerda saber.

Muitas vezes o andante,
Vê mais que o cavaleiro;
E um esperto ajudante,
Dá ideias ao pedreiro...

Se ensinares teu filho,
Ensina como se faz;
Não vá ele sachar milho
E deixar a erva atrás.

Mastigar de boca aberta,
Só se for batatas quentes;
D'outra forma, é ver s'acerta
A comida entre os dentes.

As redondilhas que fiz,
Não tem meta dirigida;
Mas nalgumas delas diz,
Algo que tem nossa vida.


Rosa
Lenda da Atlântida
(Autor desconhecido)




Na antiguidade teria havido um imenso continente (a Atlântida) no meio do Oceano Atlântico, em frente às Portas de Hércules. Essas portas, segundo mitos antigos, fechavam o mar Mediterrâneo onde actualmente se localiza o Estreito de Gibraltar.
A Atlântida seria um lugar magnífico, com extraordinárias paisagens, um clima suave, grandes florestas de frondosas e gigantescas árvores, extensas planícies férteis, chegando a dar duas ou mais colheitas por ano, e animais mansos, saudáveis e fortes.
Os habitantes desta terra paradisíaca chamavam-se atlantes e eram senhores de uma invejável civilização, considerada perfeita e rica. Tinha palácios e templos cobertos a ouro e outros metais preciosos como a prata e o estanho, e abundava o marfim. Produzia todo o tipo de madeiras tidas como preciosas, tinha minas de todos os metais.
Dispunha de jardins, ginásios, estádios, boas estradas e pontes, e outras infraestruturas importantes para o bem estar dos seus cidadãos. A joalharia usada pelos atlantes seria feita com um material exótico e mais valioso que o ouro, apenas do conhecimento dos povos atlantes, que se chamava oricalco. A economia florescente proporcionava as artes, permitindo a existência de artistas, músicos e grandes sábios.
O império dos atlantes era formado por uma federação de 10 reinos que se encontravam debaixo da protecção de Poséidon. Os seus povos eram tidos como exemplares no seu comportamento, e não se deixavam corromper pelo vício ou pelo luxo mas viviam num pleno e magnifico bem estar que o seu país perfeito lhe permitia.
No entanto, não deixavam de praticar e de se ensaiar nas artes da guerra, visto que vários povos, movidos pela inveja e pela abundância dos atlantes, tentavam invadir a sua terra. Os combates de defesa foram tão bem sucedidos que surgiu o orgulho e a ambição de alargar os domínios do reino.
Assim o poderoso exército atlante preparou-se para a guerra e aos poucos foi conquistando grande parte do mundo conhecido de então, dominando vários povos e várias ilhas em seu redor, uma grande parte da Europa Atlântica e parte do Norte de África. E só não teriam conquistado mais territórios porque os gregos de Atenas teriam resistido. Os seus corações até ali puros foram endurecendo com as suas armas. Nasceu o orgulho, a vaidade, o luxo desnecessário, a corrupção e o desrespeito para com os deuses.
Poséidon convocou então um concílio dos deuses para travar os atlantes. Nele foi decidido aplicar-lhes um castigo exemplar. Como consequência das decisões divinas começaram grandes movimentos tectónicos, acompanhados de enormes tremores de terra. As terras da Atlântida tremeram violentamente, o céu escureceu como se fosse noite, apareceu o fogo que queimou florestas e campos de cultivo. O mar galgou a terra com ondas gigantes e engoliu aldeias e cidades.
Em pouco tempo Atlântida tinha desaparecido para sempre na imensidão do mar. No entanto, como fora possuidora de grandes montanhas, estas não teriam afundado completamente. Os altos cumes teriam ficado acima da superfície das águas e originado as nove ilhas dos Açores.Alguns dos habitantes da Atlântida teriam, segundo a lenda, sobrevivido à catástrofe e fugido para vários locais do mundo, onde deixaram descendentes.




Fernando 
Nenhum Homem é uma ilha (excerto) de John Donne
in "Por quem os sinos dobram" de Ernest Hemingway



(...) Nenhum homem é uma ilha isolada, cada homem é uma partícula do Continente, uma parte da Terra; se um Torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um Promontório, como se fosse a Casa dos teus Amigos ou a Tua Própria; a Morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do Género Humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por Ti. (...)


Teresa
Lenda da Lagoa das Sete Cidades
Tradicional (adaptado por Ana Oom)



Lena Pinto
Exercício (definições soltas sobre os Açores)


ABRIGO
ACOLHEDOR
ÁGUA
ARQUIPÉLAGO
ARREBATADOR
AVENTURAR
BOA COMIDA
CACHALOTE
CHEIAS
COMOÇÃO
CORAGEM
DESCANSAR
DESCOBRE-SE
DESLUMBRAMENTO
ESTAR
FELICIDADE
FESTAS
FUGIR
GORREANA
ILHAS DE BRUMA
MAR
MISTÉRIO
MONTANHAS
NASCER DO SOL
NOVE
PAIXÃO
PAIXÃO ANTIGA
PESCAR
PODER E A BELEZA DA NATUREZA.
REENCONTRAR
REFORÇAM-SE LAÇOS
REFÚGIO
REIVENTAR
TERRAMOTOS
TRANQUILIDADE
TRANQUILO
TRISTEZA
ÚLTIMO REDUTO DE ESPERANÇA
ÚNICO
VACAS
VERDE
VIVER
VULCÕES
XAILES NEGROS
 Mar, verde e vulcões repetiram-se, tal como os conceitos de paixão e tranquilidade. Os Açores não deixam ninguém indiferente. Mesmo quem lá nunca foi.

Todos
Exercício

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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Próxima Sessão: 2012.08.21

O sorteio da próxima sessão:





O tema é Açores



A responsável pela sessão é a Helena Pinto

olá e um beijo


Hoje partilho convosco um excerto do livro que estava a ler no dia da sessão. Um livro que se desenrola em torno de outro livro...



Lena R.
Amin Maalouf
um excerto de "Samarkand" (Trad. Russel Harris)


"What are you thinking about?"
The answer shot from my lips:
"Of you. From Constantinople to Tabriz."
A smile, which was perhaps one of embarassment, but which resolutely did not wish to be a barrier, spread over her face. As for me, I could no more than quote her own phrase which had become almost a code between us:
"You never know, our paths might meet!"
We were both taken up by a few seconds of silent memories. Then Shireen said:
"I did not leave Teheran without the book."
"The Samarkand manuscript?"
"It was always in the chest of drawers near my bed. I never tire of reading it. I know the Rubaiyaat and the chronicle written in the margin by heart."
"I would willingly give a decade of my life for one night with that book."
"I would willingly give a night of my life."
Within an instant I was bent over Shireen's face, our eyes were shut and the only thing that existed around us was the monotony of the cicadas' song amplified in our numbed minds and our lips touched in a long ardent kiss which transcended and broke down the barriers of years.


(Adap.)
"Em que estás a pensar?"
A resposta disparou dos meus lábios:
"Em ti. De Constantinopla a Tabriz."
Um sorriso, que era talvez de embaraço, mas de modo algum uma barreira, espalhou-se no seu rosto. Quanto a mim não pude mais do que citar a sua frase que se tinha tornado quase um código entre nós: "Nunca se sabe, os nossos caminhos podem encontrar-se!"
Durante alguns segundos ficámos tomados por lembranças silenciosas. E então Shireen disse:
"Não deixei Teerão sem o livro."
"O manuscrito de Samarkanda?"
"Esteve sempre na cabeceira ao lado da minha cama. Nunca me canso de o ler. Sei os Rubaiyaat, e a crónica escrita na margem, de cor."
"Daria de bom grado uma década da minha vida por uma noite com esse livro."
"Daria de bom grado uma noite da minha vida."
E num instante eu estava inclinado sobre a face de Shireen, os nossos olhos fechados, e em redor existia apenas a monótona canção das cícadas amplificada nas nossas mentes entorpecidas enquanto os nossos lábios se tocaram num beijo longo e ardente que transcendeu e derrubou as barreiras de anos.