domingo, 28 de outubro de 2012

Teatro

Sessão de 9-10-2012

Tema: Teatro



A Cristina e a Helena numa parceria da ocasião e num momento de improviso, interpretaram a:
Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente.


Rosa e Alexandra Ferreira, interpretaram:
O João Chorão e o Zé Alegrias, autor desconhecido.




Vitória, leu: Papel Principal

A noite acabou

O jogo acabou

Para mim aqui

Quando acordar

Já te esqueci

O filme acabou

O drama acabou, acabou-se a dor

Tu sempre foste um mau actor

Fizeste de herói no papel principal

Mas representaste e mentiste-me tão mal.

Quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

afinal hoje o papel principal é

Meu e só meu

E quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu.

A noite acabou

O jogo acabou para mim aqui

Quando acordar já te esqueci

O filme acabou

O drama acabou, acabou-se a dor

Tu sempre foste um mau actor

Fizeste de herói no papel principal

Mas representaste e mentiste-me tão mal.

Quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu

E só meu

E quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu

Quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu e só meu

E quem perdeu foste tu só tu e nunca eu

Afinal hoje o papel principal é meu

Ohhhhhh

Letra de Adelaide Ferreira e Tó Zé Brito

Música de Tó Zé Brito




António Gil e Ana Maria, leram:
Os Herdeiros da Lua de Joana – Maria Teresa Maia Gonzalez – Edições Verbo

ACTO IV
CENA 1
Consultório do Psicólogo

DR. GOMES
(Sentado à mesa, virando-se para Bé) Finalmente, tenho o prazer de a conhecer, minha senhora! Já cá esteve o seu marido... e, claro, o Jorge, mas esse já o conheço há uns tempos, como sabe...
E como vai o meu filho doutor Gomes? Parece-me tão... desorientado!
DR. GOMES
Eu diria... revoltado. Mas a revolta do Jorge já vem de longe.
(Indignada) Não sei porquê! Teve sempre tudo o que quis!
DR. GOMES
(Sorrindo) Talvez por isso mesmo...
(Abanando a cabeça negativamente) Não compreendo! Aliás, ultimamente, tenho a sensação de que já não compreendo nada nem ninguém!
DR. GOMES
Quer exemplificar, senhora dona Isabel?
Por favor, trate-me por Bé, como toda a gente. Nunca gostei do meu nome, sabe?
DR. GOMES
(Sorrindo) Piquei agora a saber... Mas estava a dizer...
Ainda no outro dia houve uma discussão lá em casa por causa de uma coisa sem importância. (Pausa breve) A minha filha a Joana... tinha um baloiço no quarto dela; era uma coisa especial para ela, julgo... Foi ela quem me pediu que o mandasse fazer, de acordo com as indicações que me deu. Quando a Joana. .. desapareceu...
DR. GOMES
(Corrigindo delicadamente) Morreu...
(Morde o lábio inferior e respira fundo.) Sim, claro... Bem, como deve calcular, tivemos de dar um destino às coisas dela; ou melhor, quem fez isso fui eu, o que já era de esperar...
DR. GOMES
Porquê?
(Irritada) Ora! Porque o meu marido não teve coragem de decidir para onde iriam as coisas da filha! Se fosse por ele, não nos tínhamos desfeito de nada... (Elevando um pouco o tom de voz) claro que era preciso decidir o que fazer com as coisas da Joana!
DR. GOMES
Mas não deixa de ser um processo muito doloroso...
(Nervosa) Evidentemente!
DR. GOMES
Mas continue, por favor.
Fui eu que dei um destino a tudo, quero dizer... a quase tudo. Ficou...
DR. GOMES
O tal baloiço...
Pois foi. (Pausa breve) Sabe, é um baloiço muito original: tem a forma de uma meia-lua pintada de branco; de resto, todo o quarto da Joana era branco, completamente branco, até... até ela começar a... desnortear-se...
DR. GOMES
E a discussão foi sobre essa lua...
Pois foi. Não sabia o que fazer dela e deixei-a no corredor lá de casa, até encontrar uma solução... (Pausa breve) Ora, o meu filho irritadiço como tem andado, embirrou com aquilo e resolveu levar o baloiço para a sala! (Elevando o tom de voz) Uma coisa sem cabimento...
DR. GOMES
E como é que a Bé interpreta essa atitude do Jorge?
(Irritada) Sei lá! Foi para nos enervar ainda mais, a mim e ao pai! Como se não bastasse o que nos aconteceu...
DR. GOMES
(Corrigindo delicadamente) O que vos aconteceu a todos! O Jorge também sofreu e está a sofrer muito...
(Cabisbaixa) Sim, eu sei.
DR. GOMES
E não lhe ocorreu que o Jorge pode ter levado o baloiço da irmã para a sala para chamar a vossa atenção para alguma coisa que ele gostaria de ver mudada?
(Intrigada) O quê?
DR. GOMES
(Pausadamente) Esse baloiço... essa tal lua... de certa maneira, representa a Joana, não será?
Bem, talvez... (Pausa breve) Nunca tinha pensado nisso, mas faz algum sentido, sim...
DR. GOMES
Eu acho que faz muito sentido. Pelo que tenho ouvido acerca da sua filha, a visão que tenho dela pode bem ser materializada nessa tal meia-lua branca: a outra metade, como no astro, invisível, mas podemos visualizá-la facilmente... Ora, por aquilo que o seu marido me transmitiu, a Joana sentia-se muito... incompleta. Muito... só. (Pausa breve) Faltava-lhe a tal metade...
(Perplexa) Qual?!
DR. GOMES
(Sorrindo com condescendência) Vejo que ainda não pensou nisso, Bé, mas há-de chegar lá...
(Abespinhada) Mas eu dei atenção à minha filha ora essa! Atenção e muitos mimos! (Irritada) Se o meu marido lhe disse o contrário, mentiu!
DR. GOMES
Não, o seu marido nem me falou de si...
(Com ironia) Era de esperar... Ele vive obcecado com a Joana... Só pensa nela, só fala dela... Para ele, nada mais existe... Esquece-se de que era ele quem passava menos tempo a dar-lhe atenção!...
DR. GOMES
(Pausadamente) Não, Bé. Está enganada. O seu marido nunca mais se vai esquecer disso... É, aliás, isso que mais lamenta, para além do que aconteceu à Joana, evidentemente.
(Preocupada) quanto ao Jorge? Como é que posso ajudá-lo?
DR. GOMES
Primeiro, se me permite um conselho, cada um de vós terá de aprender a aceitar a perda que sofreu... E aceitar que cada um levará o seu tempo até isso acontecer e reagirá de forma diferente até que esse momento venha...
(Com alguma ironia) O seu conselho é fácil de perceber, mas difícil de pôr em prática...
DR. GOMES
É para isso que podem contar com a minha ajuda...
(Emocionada, elevando o tom de voz) Mas como é que havemos de aceitar uma brutalidade como a que nos atingiu?! Como Vamos viver até conseguirmos aceitar?!
DR. GOMES
(Sorrindo com ternura) Um dia de cada vez... Procurando deixar para trás o que não se pode recuperar e retendo aquilo que vale a pena...
(Com tristeza) Um dia de cada vez... (Pausa breve) Um dia é um século, naquela casa... (Sorrindo com ironia) por isso que nós os três temos envelhecido tanto... Até o Jorge!
DR. GOMES
Envelhecer não é assim tão mau, desde que, ao mesmo tempo, se vá crescendo... E eu acredito que têm crescido. Todos! São todos sobreviventes de uma tragédia e isso prova que têm energia para continuar a lutar.
BE
(Sorrindo com tristeza) De facto, sobrevivemos todos... (Suspira longamente.) Nem sei como! (Pausa breve) Só o Lucas não sobreviveu à morte da Joana...
DR. GOMES
(Intrigado) O... Lucas?!
Era o cão da Joana. (Sorrindo com ternura) A minha filha apareceu, um dia, com ele, todo sujo, esquelético, faminto... Eu confesso que não o queria lá em casa, mas a Joana insistiu tanto!... Na verdade, dedicou-se a ele como se o tivesse desde sempre! (Pausa breve) E o cão, de facto, era-lhe muito chegado. Queria ir com ela para todo o lado...
DR. GOMES
(Sorrindo) Os cães costumam ser assim com quem lhes quer bem, com quem lhes dá atenção...
Pois é... E o pobre do Lucas não resistiu às saudades... (Pesarosa) Deixou de comer... Já nem queria sair à rua... Deixou-se abater por completo. Até me fez impressão! (Pausa breve; suspira.) Sabe, chego a pensar que o Lucas era o único amigo da Joana, o seu único amigo verdadeiro. Os outros...



A Mila brindou-nos com a sua interpretação e arranjo das Obras Completas de António Patrício:


Xana J., trouxe-nos um exercício de dicção. Articulação de sílabas:




A obra do mestre António e seus pupilos:



Ao cair do pano celebrou-se mais uma magnifica sessão do LEA

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